A pesquisa “Nas Rodas e nas Redes: o uso da internet por mulheres de movimentos populares” surge da necessidade de compreendermos como as mulheres organizadas em movimentos populares têm lidado com a internet e com as ferramentas digitais no seu cotidiano, de forma a embasar o trabalho pedagógico da Universidade Livre Feminista.
Contexto
Do surgimento da Universidade Livre Feminista, em 2009, o feminismo tem ocupado cada vez mais espaços na internet, que também é um espaço estratégico nas disputas políticas em curso no país e mundo afora. Os blogs e as redes sociais foram a porta de entrada de muitas militantes no feminismo, principalmente para a geração nascida a partir da década de 1990.
Ao mesmo tempo, a militância tem sido um estímulo para que muitas mulheres, antes excluídas desse universo, se apropriem da internet, movidas pela necessidade de utilizar redes sociais e e-mails para mobilização e articulação política.
Sendo a Universidade Livre Feminista um projeto político-pedagógico que surge com o intuito de explorar as possibilidades colocadas pela ampliação do acesso à internet, temos pensado continuamente sobre o papel que ela cumpre nas nossas experiências de articulação política, sobre como explorar esses recursos de maneira contra-hegemônica e também sobre as limitações nesse processo.
Entre os desafios encontrados no nosso caminho estão as profundas desigualdades que atravessam a vida das mulheres e o seu acesso às tecnologias, por isso entendemos a necessidade de realizar uma Pesquisa-diagnóstico que nos permitisse compreender melhor a realidade das mulheres com as quais desejamos dialogar em nossas ações
Objetivo
Conhecer melhor as realidades das mulheres organizadas em movimentos populares, especialmente nos territórios periféricos do Brasil, para traçar estratégias criativas de enfrentamento às desigualdades de acesso e uso das TICs.
Metodologia
Esta foi uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório com atividades em três cidades do Brasil, nas regiões Norte e Nordeste. Em Parintins, Amazonas (AM), realizamos a pesquisa com mulheres urbanas e rurais de classes populares. Em Pacajus, Ceará (CE), com mulheres de comunidades indígenas, quilombolas, pescadoras e agricultoras. E, no Recife, Pernambuco (PE), as interlocutoras são militantes feministas de diferentes periferias da Região Metropolitana.
As oficinas da pesquisa tiveram momentos de roda de diálogo ou grupo focal e atividades práticas de acesso ao site e à plataforma da Universidade Livre Feminista. Nas rodas de diálogo, discutimos a forma como a internet está inserida no nosso cotidiano, quais são as dificuldades enfrentadas para o acesso à internet e como nos relacionamos com o conteúdo que acessamos nesse universo. As atividades práticas foram desenvolvidas com o intuito de avaliar a acessibilidade dos nossos canais
Materiais desenvolvidos
A publicação da pesquisa está disponível nas versões em português, espanhol e inglês. Além da veiculação em texto, os resultados da pesquisa foram compartilhados em quatro áudios curtos, que apresentam a pesquisa e os resultados obtidos em cada região. A pesquisa também foi lançada em uma live veiculada no nosso canal do YouTube, onde as pesquisadoras comentaram sobre os desafios de realização da investigação e apresentaram os resultados obtidos.
Os materiais estão disponíveis abaixo!
Coletivos de mulheres que participaram da pesquisa-diagnóstico
Amazonas
Associação Parintins Cidadã-AM, Coletivo Mulheres de Fibra da Amazônia (Colima) e mulheres representantes das comunidades: Panauaru e Zé Açu.
Pernambuco
Grupo Espaço Mulher, Grupo de Teatro Mulheres Madalena, A PartidA, Sindicato das Empregadas Domésticas, Fórum de Mulheres de Pernambuco, Coletivo de Mães Feministas Ranúzia Alves, Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Grupo Liberdade Vamo Simbora, Rede de Feministas Antiproibicionistas, Centro de Ensino Popular e Assistência Social de Pernambuco Santa Paula Frassinetti (Cepas), Movimento de Luta dos Bairros e Favelas (MLB), Coletivo Faça Amor Não Faça Chapinha (FAFNC), Coletivo de Mulheres de Jaboatão.
Ceará
Mulheres representantes de: Comunidade Quilombola Batoque, Território Indígena Tapeba, Comunidade Caetanos de Cima, Comunidade Jenipapo, Comunidade Quilombola Porteiras, Fortim, Fazenda Ilha do Esaú, Território Indígena Tabajara, Território Indígena Tabajara, Comunidade Curralinho, Assentamento Maceió, Movimento Sem Terra (MST) e Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE).