CHILE: Rede pede fim do feminicídio e afirma que governo contribui para violação

Tatiana Félix *

Adital – Em protesto aos altos índices de feminicídio e as constantes agressões contra as mulheres no Chile, a Rede Chilena contra a Violência Doméstica e Sexual realizou nesta quinta-feira (9) um ato em memória às mulheres assassinadas no país. Em especial, às 33 chilenas que foram mortas só neste ano. A manifestação aconteceu no Paseo Ahumada, no Centro da Capital, Santiago.

 


Em comunicado, a Rede Chilena atribuiu parte da responsabilidade por esta violência à sociedade, que aceita, compactua e se cala diante das agressões, considerando ‘normal’, tal violação de gênero. E afirmou que o atual governo tem contribuído para o agravamento da situação, já que “os direitos das mulheres não apenas se veem severamente ameaçados, como estão em franco retrocesso”.

Prova disso, segundo a Rede, seriam as atuais políticas do governo que destacam que o papel da mulher é exercer a maternidade e cuidar da família, demonstrando claramente o olhar machista sobre ela, ignorando os avanços e as conquistas de direitos estabelecidos internacionalmente.
“Hoje, é mundialmente reconhecido que a violência contra as mulheres é um grave problema social e constitui uma violação de seus direitos humanos, cuja origem principal se encontra nas desiguais relações de poder entre homens e mulheres”, reforça a Rede.

Para as entidades que militam em defesa dos direitos das mulheres, a abordagem da violência contra a mulher e o tratamento das vítimas deve considerar alguns fatores chave. E o primeiro deles é a afirmação de que essa violência de gênero é, sim, uma infração criminal.

As entidades que integram a Rede acusam ainda o governo chileno de não dar importância às agressões contra as mulheres, já que “promove a implementação de atenção psicológica dos agressores nas mesmas instalações em que se atende as mulheres que vivem violência”, como prevê o Programa Chile Acolhe.

Através do comunicado, a Rede disse também que é intenção do governo de Sebastián Piñera vetar os direitos feministas relacionados ao uso do corpo, maternidade voluntária e livre orientação sexual.

A Rede relembrou ainda que o movimento das mulheres passou por momentos difíceis para dar visibilidade a essa violência de gênero, em suas dimensões sociais e políticas. “Em 1994, a primeira legislação reduziu a violência contra as mulheres ao espaço doméstico, e subvalorizou suas consequencias qualificando-as como uma simples falta. Hoje sabemos que esta violência específica pode terminar em morte”, ressaltou.

A Rede Chilena contra a Violência Doméstica e Sexual é uma articulação de diversas organizações sociais e não governamentais, e pessoas que trabalham na abordagem da violência contra as mulheres em todo o Chile.

* Jornalista da Adital

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