Elas querem ser grandes

A Notícia – SC

Pesquisa confirma que meninas estão chegando à puberdade cada vez mais cedo

Pesquisadores descobriram, em estudo feito nos Estados Unidos, que a alteração hormonal delas é tão grande que o corpo está demonstrando reflexos. Segundo a avaliação, uma em cada quatro meninas negras e uma em cada dez brancas têm seios desenvolvidos até os sete anos. O estudo, publicado no periódico “Pediatrics” e liderado por uma equipe do hospital infantil de Cincinnati, foi baseado na avaliação de 1,2 mil meninas de seis a oito anos.

Os pesquisadores descobriram que, aos sete anos, 23,4% das negras, 14,9% das hispânicas e 10,4% das brancas tinham seios desenvolvidos. Em 1997, um estudo similar descobriu que a proporção de garotas brancas que tinham seios desenvolvidos era de 5% – metade do que é hoje. A proporção de garotas negras com essa característica também aumentou em relação à última década: de 15% em 1997 para 23%.

Embora o crescimento dos seios esteja diretamente ligado à produção hormonal, o novo estudo não avaliou a idade da primeira menstruação – o que poderia alterar as características do corpo delas. Entre as hipóteses para as transformações estaria a obesidade, que alavanca a produção dos hormônios sexuais. Alguns cientistas também suspeitam que substâncias químicas do ambiente alteram os efeitos do estrogênio, mexendo no relógio da puberdade.

Socialmente e emocionalmente, a vida pode ser difícil para aquelas com cabeça de criança e corpo de adulto e que não estão preparadas para lidar com situações como as cantadas dos homens e dos meninos ou lidar com as emoções e impulsos produzidos pelos hormônios.

Sinais da vida adulta na infância ou adolescência podem trazer baixa autoestima e dúvidas sobre a imagem corporal, assim como maiores taxas de distúrbios alimentares e depressão. Como o relógio do corpo funciona tentando harmonizar todas as áreas, a chegada da puberdade em uma idade mais jovem ainda antecipa experiências sexuais e, adiante, há maiores riscos de câncer de mama.

Quando avançam a adolescência, as meninas também são bombardeadas por estímulos que induzem à sexualização – seja da roupa ou do comportamento. Para a educadora Suely Buriasco, o uso da sensualidade feminina como produto é um fator que interfere de forma negativa na educação das adolescentes em geral. De acordo com ela, essas imagens estereotipadas da mulher, além de causarem uma ideia distorcida de como as jovens se reconhecem, atrapalham a percepção dos garotos em relação a elas. “O machismo promove agressão nos meninos, que vivem a pressão de mostrar o quanto são machos”, diz. Aos poucos, a imagem de uma menina de seis ou sete anos carregando uma boneca para cima e para baixo está ficando no passado. Elas querem ser grandes a qualquer custo. O desejo pela mudança, no gosto e no dia a dia das meninas, agora tem uma explicação científica.

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