Livro analisa prostituição e aborda tráfico de mulheres e de migrantes

Tatiana Félix *

Adital – Lançado no último dia 25, na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), o livro “Prostituição em áreas urbanas: Histórias do tempo presente” reúne estudos, de diferentes pesquisadores, sobre o contexto da prostituição em Santa Catarina. O objetivo da obra foi traçar um perfil e o que existe em torno desta realidade. O trabalho foi coordenado e organizado pela professora da UDESC, Marlene de Fáveri.

 

“A idéia foi tentar analisar, a partir de diferentes recortes, como a prostituição é percebida atualmente; quem trabalha neste mercado, o motivo que leva as mulheres a se prostituírem e quem procura a venda de sexo”, informou a antropóloga, Gláucia de Oliveira Assis, uma das autoras, que publicou o artigo “Entre sonhos, pesadelos e fronteiras: experiências de mulheres e/imigrantes entre o México e os Estados Unidos”, no livro.

Depois de cerca de três anos de pesquisa, a autora ressaltou que o mercado do sexo é complexo, pois existem mulheres que entram voluntariamente, existem as que são aliciadas e ainda as crianças, que são forçadas e exploradas sexualmente. Mas, apesar de existir diferentes contextos, no geral, existe muito preconceito e criminalização em torno da questão.

“O perfil destas mulheres é bastante variado. A gente sempre imagina que a maioria é pobre, em geral, migrante, e que se insere no mercado do sexo como primeira opção de trabalho, mas têm também as mulheres de classe média, que se anunciam como Garotas de Programa”, observou.

Segundo ela, é no trânsito transnacional destas mulheres que entra a problemática do tráfico de pessoas. Ela especificou que, por causa do preconceito existente em torno das mulheres migrantes, muitas são deportadas antes mesmo de entrarem nos países.

Gláucia disse que, de acordo com pesquisas, “se percebe um número significativo de mulheres e homens que não estão na rede de tráfico para fins de exploração sexual, mas, se inserem na rede do tráfico de migração”.

“O aumento de casos de tráfico de pessoas e de tráfico de migrantes está relacionado com medidas restritivas migratórias”, afirmou a pesquisadora. A explicação seria a de que os migrantes, ao se depararem com políticas restritivas, procurariam outros meios de entrar nos países, caindo, então, em algumas vezes, nas redes do tráfico.

Ela disse ainda que as políticas migratórias adotadas pelos países têm tido a tendência de criminalizar as pessoas que migram. “A criminalização tem dois motivos: um é conseqüência do atentado de 11 setembro (nos Estados Unidos) e o outro é pela crise econômica mundial”, detalhou.

No entanto, Gláucia chama a atenção para o fato de que, na verdade, as políticas migratórias são seletivas, já que jogadores de futebol e modelos, por exemplo, têm trânsito livre entre as nações.

“O tráfico de migrantes acaba sendo beneficiados por estas leis restritivas de migração”, afirmou. Para ela, uma maneira de amenizar o problema, seria anistiar os migrantes e legalizar a prostituição, para não haver a exploração ilegal de pessoas.

* Jornalista da Adital

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