PERU: Entidades feministas se manifestam após mais um caso de violência doméstica

Tatiana Félix *

Adital – Diante do episódio de Elizabeth Alanya, a peruana que teve o rosto queimado por seu marido, que lhe jogou água fervente, na madrugada do último 28 de julho, entidades feministas se manifestaram criticando a situação de violência contra a mulher no país, e o descaso dos serviços de saúde pública e de justiça diante das situações.

 

O movimento feminista Manuela Ramos criticou o sistema de saúde público do Peru, que, na ocasião da agressão, não atendeu a paciente com queimaduras de segundo e terceiro graus, mandando-a de volta para casa. “O que podemos esperar do sistema de saúde que, em vez de assegurar um pronto atendimento e a recuperação da senhora, a faz regressar a sua casa, a duas horas de chegar ao centro hospitalar, com graves queimaduras?”, questiona.

A ONG também expressou indignação com a demora da justiça em prender o agressor, Julio Cesar Jaimes Salirrosas. “O que devemos esperar da justiça, quando, apesar de contar com provas visíveis da violência, o agressor é posto em liberdade? Que provas necessitam?”, indigna-se.
Depois das manifestações, na semana passada, Elizabeth Alanya foi atendida no Hospital Arcebispo Loayza, onde foi submetida a uma operação cirúrgica de limpeza e transplante de pele.

Em virtude deste caso que causou polêmicas, o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, PROMSEX, se pronunciou dizendo que “tratar a problemática da mulher é falar de políticas públicas, de cumprir com a Constituição e com os tratados internacionais. O acesso à justiça e a segurança das mulheres peruanas deve estar na agenda do governo”, afirmou.

Já a organização Demus, criticou o silêncio do presidente Alan Garcia diante do caso, e falou sobre a gravidade da situação de violência contra a mulher, que neste ano já atingiu 64 casos de feminicídios.

Violência doméstica

A violência doméstica no Peru tem alcançado dados alarmantes. Estimativas apontam que a cada hora, 10 mulheres são vítimas da violência familiar. Por dia, 17 peruanas são vítimas de violência sexual. Para as entidades que lidam com o assunto, o perigo começa em casa, geralmente, com os companheiros.

É importante que as mulheres saibam que é considerada violência toda ação ou omissão que cause danos físicos, psicológicos, sexuais, ou ainda, ameaças e chantagens. A maioria dos casos de assassinatos de mulheres, chamados de feminicídios, é motivado por ciúme, infidelidade, rompimento de relação ou decisão contrária à do companheiro em levar adiante uma gravidez ou um aborto.

É obrigação da polícia garantir proteção imediata à vítima, mesmo sem ordem de juiz. No Peru, orientações podem ser dadas pelos institutos feministas como Manuela Ramos ou através dos Centros de Emergência Mulher de MIMDES, telefonando para 100 – serviço gratuito.

* Jornalista da Adital

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