Vítimas acham novas regras da Igreja contra abuso sexual insuficientes

Da AFP

Santa Sé divulgou novas normas para tratar de casos envolvendo o clero.

 

Entidades que reúnem vítimas de pedofilia e parentes consideraram nesta quinta-feira (15) que as novas medidas adotadas pelo Vaticano para endurecer suas normas contra a pedolfilia dentro do clero são insuficientes.

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“As novas diretrizes do Vaticano relativas aos abusos sexuais podem ser resumidas em poucas palavras: estão na Lua”, declara Barbara Doris, uma das dirigentes da SNAP (Associação Americana de Vítimas de Abusos Sexuais cometidos por Sacerdotes), em um comunicado.

“Essas diretrizes equivalem a atacar um elefante com uma pistola de água quando o elefante está fora do alcance dos disparos”, acrescenta.

“Em todo o mundo, as autoridades da Igreja optam por acreditar nos acusados e não nos denunciantes, recusam-se a falar desses casos e ignoram as denúncias de abusos sexuais. É esse tipo de comportamento que precisa mudar, não as diretrizes internas da Igreja”, concluiu.

O Vaticano anunciou nesta quinta-feira normas mais rígidas contra a pedofilia dentro do clero católico, introduzindo procedimentos acelerados para os casos mais urgentes, depois de ter sido acusado de acobertar casos registrados em vários países.

As novas normas preveem “procedimentos acelerados para tratar os casos mais urgentes e graves, permitindo a designação de laicos nos tribunais eclesiásticos”, indicou o Vaticano em um documento intitulado “normas sobre os crimes mais graves” apresentado pelo porta-voz, o padre Federico Lombardi.

A prescrição dos fatos aumenta de dez para vinte anos depois que a vítima atinge a maioridade.

O Vaticano decidiu também equiparar a pedofilia aos abusos contra pessoas com problemas mentais, com o que estende assim suas novas normas para esses adultos.

Além disso, o Vaticano acrescentou o crime de pedopornografia.

No entanto, as novas normas não incluem uma “ordem explícita” às igrejas locais envolvidas em investigações de abusos sexuais para que se dirijam à justiça civil. Esta era exatamente uma das principais exigências dos defensores das vítimas de pedofilia.

Arquivos
Um grupo austríaco de defensa de vítimas apelou ao Vaticano para que abra seus arquivos sobre pedofilia.

“A justiça eclesiástica não nos interessa. O Vaticano ainda não está disposto a abrir seus arquivos e entregar às autoridades civis os registros relativos aos abusos sexuais”, declarou à AFP o porta-voz do grupo “Vítimas da violência da Igreja”, Franz-Jakob Purkarthofer.

Outro grupo, “Wir sind Kirche” (Nós somos a Igreja), que representa o setor progressista da Igreja católica na Áustria, também considerou as novas medidas insuficientes.

“As medidas não vão às raízes das estruturas da Igreja. Esses abusos são, na realidade, abusos de poder de uma forma sexual”, afirmou o porta-voz Peter Hurka.

“Deveria haver mudanças estruturais, que limitem e controlem o poder de todos os hierarcas da Igrjea, incluindo os bispos e o Papa”, acrescentou.

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