GUATEMALA: Rede feminina defende reforma no sistema indígena de saúde reprodutiva

Adital – Grupos femininos e entidades indígenas da Guatemala realizaram ontem (24) a apresentação formal da Rede de Organizações de Mulheres Indígenas pela Saúde Reprodutiva (Redmisar), no departamento de San Marcos. A região registrou, desde o início deste ano, dez mortes de mulheres causadas por motivos relacionados à gravidez.

 

A estatística foi fornecida por Marvin Campollo, coordenador de Saúde Materna da Secretaria de Saúde do departamento, durante o lançamento da Rede, cujo objetivo principal é fortalecer as ações de incidência para a prestação de serviços de qualidade aos indígenas.

A Rede também preza pelo respeito aos costumes e cultura dos povos originários e procura demandar o cumprimento do marco político e jurídico dos serviços de saúde, para que ele atenda as necessidades específicas da população nativa. Cerca de 40% da população do país é indígena e possui cultura, tradição, história e idioma próprios.

Outra reivindicação da Rede, garantida pela Constituição Política da República da Guatemala, diz respeito à disponibilidade de métodos anticoncepcionais, para garantir um maior controle da mulher sobre sua vontade de engravidar.
De acordo com dados oficiais, embora a mortalidade materna afete mulheres de diferentes classes sociais na Guatemala, os níveis mais elevados são encontrados entre as populações indígenas, geralmente entre mulheres analfabetas, ou em departamentos basicamente rurais, com altos índices de pobreza. Segundo dados da Rede, publicados em uma declaração apresentada às autoridades de San Marcos, a incidência de morte materna entre indígenas é três vezes maior, em comparação com as não indígenas.

Sendo assim, a Rede promete lutar por mudanças políticas que diminuam as disparidades existentes entre a qualidade do sistema de saúde reprodutiva oferecido à população urbana e aos povos originários.

Ações da Rede no departamento de Quiché

Em comemoração ao Dia Internacional da Ação pela Saúde das Mulheres, celebrado em 28 de maio, a Redmisar realizou na última quinta-feira (21), em parceria com a Defensoria da Mulher Indígena (DEM), um fórum que reuniu representantes de diversos municípios, do Ministério da Saúde e de outras entidades.

Segundo informações repassadas por Griselda Lorenzo, secretária técnica da Rede, à Agência de Notícias Cimac, o evento procurou despertar nas autoridades competentes a necessidade de realização de melhorias no sistema de saúde reprodutiva e nos serviços de saúde do departamento de Quiché. As demandas e reivindicações dos indígenas foram apresentadas às autoridades, que se comprometeram com a causa.

A Redmisar é formada por diversos grupos femininos, entre eles o Movimento de Mulheres Indígenas Tz’ununija’, a Associação Levántate Mujer (Asolem), a Defensoria dos Direitos da Mulher (Defem) e a Rede de Mulheres de Apoio Psicossocial das Vítimas.

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