Desafios do Trabalho no século XXI

Cecília Lopes – Da Secretaria de Comunicação da UnB

Professores da UnB apontam a informatização como uma das principais transformações no mundo do trabalho contemporâneo

Crescimento das mulheres empregadas, aumento da informalidade e de pessoas que trabalham em casa, queda do número de trabalhadores na indústria, informatização dos locais de trabalho e dificuldades de entrada no mercado de trabalho dos que buscam o primeiro emprego e daqueles fortemente especializados, com idade próxima aos 40 anos. Essas são as principais transformações no mundo do trabalho no século XXI, segundo professores da Universidade de Brasília.

Para o professor Mário César Ferreira, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, uma das mais importantes mudanças está na dificuldade dos jovens em ingressar no mercado de trabalho. “As empresas buscam pessoas com experiência e isso fecha as portas”, disse Ferreira. Por outro lado, os profissionais mais velhos, com idade próxima aos 40 anos, enfrentam dificuldades para se manterem em seus empregos quando são muito altamente especializados. “Aquele perfil de trabalhador especialsta em apenas um campo não fica no emprego. A procura agora é por profissionais que tenham muiltiqualificações, lavem, passem e cozinhem”, defende o professor.

Para Rejane Pitanga, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT/DF), isso acontece em consequência dos avanços da tecnologia. “As pessoas precisam se apropriar das novas tecnologias e esse é o principal desafio para as empresas, os sindicatos e os profissionais”, afirma. Rejane dá alguns exemplos práticos. “Essa apropriação passa pelos porteiros que precisam diariamente mexer com interfones e câmeras de segurança, pelas empregadas domésticas que operam microondas, máquinas de lavar e outros aparelhos cada vez mais modernos”, completa Rejane.

A redução de trabalhadores na indústria é um dos reflexos das apuradas tecnologias do século XXI. “Máquinas tomaram postos de trabalho e os trabalhadores que sobreviveram ao corte precisam frequentemente aprender a lidar com as novidades”, explica Mário César Ferreira. Outro reflexo é o aumento de trabalhadores que produzem em casa e acabam sem uma carga horária definida. “Se você ligar para esse profissional no domingo, ele te atende. As pessoas acabam trabalhando o dia inteiro, à noite e muitos prolongam para a madrugada. O trabalho não trouxe a liberdade”, avalia Roberto Gonzalez, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

CRISE ECONÔMICA – “Esse é um 1º de maio sombrio porque toda a crise recai sobre o trabalho”, sustenta o professor Sadi Dal Rosso, do Departamento de Sociologia. Para ele, o Brasil ainda caminha para se reerguer da crise econômica de 2008. “Cerca de 2 milhões de pessoas ficaram sem emprego. O Brasil recuperou até agora 1 milhão dos postos de trabalho”, disse.

Segundo Sadi, a crise gerou uma redistribuição de tarefas e isso intensificou o trabalho daqueles que não foram demitidos. Como resultado as demandas por horas extras subiram e a cobrança pela rapidez na produção também.

O professor Mário César Ferreira acredita que essas transformações afetaram diretamente na produção com erros frequentes, retrabalho e queda na produtividade. “As pessoas acabam desmotivadas e cansadas. Muitas vezes com o corpo presente e o espírito fora do ambiente de trabalho.”

ORIGEM – O Dia do Trabalhador é uma data marcada por manifestações por melhores condições de trabalho. Em 1º de maio de 1886, as ruas de Chicago, nos Estados Unidos, foram tomadas por milhares de trabalhadores. A partir desse dia, eles iniciaram uma greve que durou um mês. Durante o ano, mais de cinco mil greves aconteceram na cidade, que era o principal pólo industrial americano. A luta dos trabalhadores naquela época consistia principalmente na redução da carga horária de 48 horas semanais para 44.

Hoje, 124 anos depois, a luta dos trabalhadores brasileiros é por uma nova diminuição da jornada de trabalho – de 44 horas para 40 – sem redução de salários. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 231/1995) está no Plenário da Câmara dos Deputados e não tem data prevista para votação.

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