Cardeal é pressionado a provar suposto elo entre homossexualidade e pedofilia

Número 2 do Vaticano descartou que abusos tenham relação com celibato. Especialistas contestaram seus argumentos nesta terça (13).



Da AFP

Autoridades, médicos e movimentos de defesa de grupos homossexuais no Chile pediram ao secretário de estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, que prove as ligações da homossexualidade com a pedofilia, como afirmou na véspera em Santiago.


“Eu não tenho essa opinião, gostaria de conhecer os estudos científicos que ele diz ter. Tenho uma grande estima pelo Cardeal Bertone, mas tenho a sensação que neste caso ele está equivocado”, afirmou o senador democrata-cristão Patricio Walker.


“Estudei o tema, não sou psiquiatra, mas advogado. No entanto, já apresentei muitos projetos contra a pedofilia, que agora viraram lei. A pedofilia é um transtorno mental de caráter sexual que afeta tanto homossexuais como heterossexuais”, comentou.


“Essa ligação foi desacertada. O celibato causa mais danos a um ser humano que a condição de homossexualidade, opção tomada livremente. Estou constrangido com as palavras deste alto dignatário da Igreja”, afirmou por sua vez o deputado comunista Hugo Gutiérrez à AFP.


“A gente nunca vai parar de se surpreender com as declarações dessas pessoas. A Igreja deveria ser mais bondosa e caridosa com os homossexuais, em vez de ficar atribuindo pecados a eles”, completou.


O líder do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), Rolando Jiménez, também exigiu que o cardeal mostrasse provas que justificassem suas afirmações.


Especialistas médicos também descartaram a ideia. “Não me parece possível pensar que haja uma relação direta entre o homossexualidade e a pedofilia”, disse a professora da Universidade do Chile Tamara Galleguillos.


Galleguillos afirmou que durante seu trabalho no Serviço Médico Legal do Chile “os heterossexuais pedófilos eram vistos de forma igual aos homossexuais pedófilos, não eram diferenciados”.


Na segunda-feira, durante coletiva de imprensa, o número dois do Vaticano afirmou que a pedofilia entre os sacerdotes tem mais a ver com a homossexualidade que com o celibato.


“Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e me disseram recentemente, que há relação entre homossexualidade e pedofilia. Isso é verdade, esse é o problema”, completou.


Bertone anunciou que o Vaticano tomará novas iniciativas surpreendentes contra a pedofilia. “Não posso antecipar, mas outras iniciativas estão sendo pensadas”, disse o cardeal.


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Polícia cumpre mandados de busca e apreensão contra padres acusados de pedofilia em AL

Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió
A Polícia Civil de Alagoas cumpriu quatro mandados de busca e apreensão na tarde desta terça-feira (13) em três residências e uma casa paroquial no município de Arapiraca (a 140 km de Maceió). Os mandados foram expedidos pelo juiz da 8ª Vara Criminal e Execução Penal de Arapiraca, John Silas, a pedido das delegadas Bárbara Arraes e Maria Ang elita, que investigam as denúncias de pedofilia envolvendo dois monsenhores e um padre no município.

Foram apreendidos computadores, documentos e fotos nos quatro locais de investigação. Todo o material deve ser enviado nesta quarta-feira (14) para o Instituto de Criminalística de Alagoas, que ficará responsável pela perícia dos objetos.

Segundo Bárbara Arraes, os mandados foram cumpridos nas três casas onde os religiosos moram e na casa paroquial Nossa Senhora do Carmo, que era comandada pelo monsenhor Luiz Marques Barbosa, 82, flagrado em um vídeo fazendo sexo com um adolescente. Além dele, a polícia também foi às casas do monsenhor Raimundo Gomes Nascimento e do padre Edilson Duarte.

O padre Enaldo da Mota também é acusado de integrar o esquema de abuso sexual a coroinhas, mas é investigado em um inquérito isolado instaurado pela delegacia de Feira Grande, onde ele era responsável pela paróquia. Os quatro párocos foram afastados pela igreja até a conclusão das investigações.

A delegada informou que não houve resistência por parte dos acusados e todos os mandados foram cumpridos sem problemas. “No momento da operação, apenas o monsenhor Raimundo estava em casa, mas ele não ofereceu resistência”, disse, sem especificar nenhum detalhe sobre o material apreendido. “O inquérito corre em segredo de Justiça”, complementou.

Segundo ela, ainda não há data para a conclusão do inquérito, que será encaminhado ao Ministério Público Estadual. “Temos ainda algumas testemunhas a ouvir e vamos analisar esse material apreendido. Todos os acusados serão interrogados apenas no final da investigação, após termos a maior quantidade de informações”, afirmou a delegada.

Nesta sexta-feira (16), os integrantes da CPI da Pedofilia devem chegar a Arapiraca para ouvir 17 pessoas. Entre os convocados estão os párocos acusados, 12 vítimas e testemunhas e as duas delegadas que estão à frente das investigações.

Para Bárbara Arraes, a presença da CPI pode ajudar nas investigações. “Qualquer apoio é importante, até porque quando mais pessoas investigam, mais olhos existem para analisar tudo. Acho que será importante”, disse.

Apuração alemã cita “sadismo” contra crianças

DA REUTERS 

Crianças alemãs foram “atormentadas de forma sádica e abusadas sexualmente” em um monastério católico na Bavária, região natal do papa, segundo relatório entregue ontem à Arquidiocese de Munique.

O relatório de 173 páginas foi feito pelo advogado Thomas Pfister, que está investigando as denúncias de pedofilia em uma escola católica em Ettal e que disse ter documentado que, “por décadas, até ao redor de 1990, crianças e adolescentes foram brutalmente abusadas” lá.

Em relatório preliminar, em março, Pfister falava em centenas de alunos agredidos e alguns vítimas de abusos sexuais. Um porta-voz da arquidiocese diz que comentará o relatório em uma entrevista coletiva hoje.
A Alemanha é um dos países mais atingidos pelas denúncias de pedofilia que recaíram sobre a Igreja Católica nos últimos meses. Em março, a igreja alemã reconheceu os “graves erros” cometidos pela Arquidiocese de Munique quando era liderada pelo atual papa Bento 16, entre 1977 e 1982.

Na época, um padre acusado de ter molestado garotos pôde voltar à vida eclesiástica após ter sido submetido a terapia -prescrita pela arquidiocese. De volta à ativa, o padre repetiu a prática de abusos até ser levado à Justiça.

E um coral comandado durante 30 anos pelo irmão do papa, Georg Ratzinger, também é alvo de ao menos duas den] ]>

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