Igreja se diz "humilhada" com casos de pedofilia em Alagoas

Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió

A Diocese de Penedo afirmou que a Igreja Católica se sente triste e humilhada com as recentes acusações de pedofilia envolvendo monsenhores e padres em Arapiraca (AL). A Igreja informou que todas as medidas previstas pelo direto canônico foram tomadas “energicamente” contra os acusados no escândalo.

Nesta terça-feira (6) à noite, a Diocese emitiu nota onde expressou solidariedade às vítimas do “fato aberrante” e comunicou a “suspensão total das ordens sagradas” do monsenhor Luiz Marques Barbosa, 82, flagrado em um vídeo praticando sexo com um jovem supostamente de 18 anos. Outros dois padres e um monsenhor foram afastados preventivamente apenas das celebrações e respondem a processos canônicos.

“Entristece-nos e humilha-nos pensar na situação dramática das possíveis vítimas e da Igreja escarnecida e vilipendiada a causa do comportamento imoral de quem deveria ser mestre de fé e de conduta ilibada”, diz o texto, assinado pelo bispo Dom Valério Breda.

Para a Igreja, o escândalo circulou pelo “mundo inteiro” e “expôs à pública execração o pecado revoltante, que clama por justiça e por inadiável e radical purificação e conversão”.

Pela primeira vez, a Igreja admitiu uma possível reparação em caso de comprovação de pedofilia e ofereceu apoio às vítimas. “Sentimos ainda mais dilacerante e urgente o apelo por justiça e por reparação, caso seja confirmada a acusação de abuso ou constrangimento sexual contra menores pelos padres citados. Se há jovens vítimas, a Igreja se posiciona incondicionalmente ao lado deles”, afirmou.

A Igreja ainda garantiu que vai ajudar a Polícia Civil e o Ministério Público nas investigações de casos de pedofilia envolvendo autoridades religiosas. “Reiteramos o nosso irrestrito compromisso em contribuir eficazmente e favorecer o inquérito policial, instaurado para averiguar a veracidade das denúncias formuladas pelas supostas vítimas, ao tempo em que nos colocamos a total dispor das autoridades de polícia e da justiça para tudo o que se fizer necessário”.

Dom Valério ainda respondeu às críticas do senador Magno Malta (PR-ES), presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, de que a Diocese teria sido informada das denúncias de abuso sexual e não teria informado às autoridades e apenas “afastado os padres de paróquia para que eles continuassem abusando em outro lugar”.

“Cabe o esclarecimento de que somente com a veiculação do programa televisivo ‘Conexão Repórter’, da Emissora SBT, em 11 de março de 2010, apresentando denúncias e identificando os envolvidos, foi que a Diocese tomou conhecimento daqueles fatos”, assegurou o bispo, que afastou os acusados dois dias após a divulgação da reportagem.

CPI

Também nesta terça-feira, a CPI da Pedofilia definiu as datas e os 17 nomes das pessoas que vão depor na cidade de Arapiraca entre os dias 16 e 18 abril.

Os padres acusados, as duas delegadas que investigam o caso e 12 testemunhas e possíveis vítimas (entre elas três menores de 18 anos) serão ouvidos pelos senadores integrantes da CPI.


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