NOJO DO PAPA: Um mal terrível

Maria Paula

Nunca pensei que pudesse chegar a esse extremo, mas hoje digo com todas as letras, sem medo da reação dos católicos, que sinto nojo do papa!

maria_paula2Como pode um homem ocupar o mais alto cargo da hierarquia católica, assumir o posto máximo como representante da moral e ser capaz de acobertar crimes sexuais cometidos contra crianças? E ainda alegar que “roupa suja se lava em casa”?! Como assim? Lugar de criminoso é na cadeia. Vossa Santidade está sendo cúmplice das monstruosidades cometidas por seus coleguinhas padres, bispos e arcebispos, e em qualquer lugar do mundo cúmplice merece ser condenado e punido com o criminoso.

Acredito que apenas uma minoria de religiosos apresente tão doentio comportamento, mas esses precisam ser identificados, afastados do contato com crianças e severamente punidos. De modo algum, podem ser defendidos e acobertados pela Igreja, como tem acontecido de forma recorrente. Em 2001,Bento XVI escreveu uma carta infame aos bispos em que ordenava segredo sobre os abusos, inclusive sob ameaça de excomunhão. No último fim de semana, abrindo as celebrações da semana santa, teve a cara de pau de dizer aos fiéis que lotavam a Praça São Pedro em busca de orientação espiritual que a fé em Deus “dá coragem para não nos deixarmos intimidar por fofoquinhas da opinião dominante”.

Escândalos como o do reverendo Lawrence Murphy, acusado de abusar de 200 garotos americanos surdos, nas décadas de 1950 e 1960, ou tantos outros em todas as partes do mundo, serem considerados fofoquinhas são o fim do mundo! O pior é que vindo da boca de um homem com tanto poder esse tipo de postura se transforma efetivamente num mal terrível. Alguém precisa amordaçá-lo, evitar que diga tantas barbaridades em praça pública.

Fui criada em colégio de freiras, minha família é toda cristã e minhas escolhas pessoais semprese guiaram pelos ensinamentos de Jesus, que, na minha opinião, é um dos homens mais iluminados que já passaram pelo planeta. Mas aproveito o domingo de Páscoa para esbravejar com todas as minhas forças e denunciar, na condição de mãe de dois filhos, os absurdos cometidos e acobertados por aquela que deveria ser a mais confiável das instituições.

Crônica da Maria Paula, publicada no jornal Correio Braziliense em 4/4/2010

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