A violência contra as mulheres não é uma piada: posicionamento do CFEMEA sobre o caso UNIBAN

Ana Claudia J. Pereira – CFEMEA

Os crimes cometidos contra Geisy Arruda, aluna da UNIBAN, são violações gritantes dos Direitos Humanos e retratam a violência contra as mulheres na sociedade brasileira. O vídeo em que a estudante aparece sendo perseguida por colegas mostra um abominável episódio de ameaças, tentativa de violência física e sexual e xingamentos.

O vídeo de Geisy ganhou popularidade na internet mais como uma piada do que como um protesto. Isso porque o que ele mostra não é uma exceção, e sim agressões que as mulheres brasileiras sofrem sem sequer despertar qualquer estranhamento da sociedade, da mídia e nem das próprias vítimas.

As mulheres cotidianamente são punidas com ofensas verbais e físicas que as ensinam que, numa sociedade machista, a sexualidade feminina não pode se manifestar livremente e nem como fonte de prazer. Segundo esta lógica distorcida, a imagem de um corpo feminino num traje considerado inadequado tira das mulheres todos os seus direitos e torna legítimas violências e violações de Direitos Humanos.

A UNIBAN se eximiu de identificar os alunos e funcionários que atacaram Geisy, preferindo adotar a velha fórmula que responsabiliza a própria vítima pela violência sofrida. Ainda assim, a mídia reluta em tratar o caso como uma violência contra as mulheres. A desigualdade de gênero permitiu que a estudante tivesse seus direitos violados de três maneiras: primeiro, ela foi agredida; em segundo lugar, seus agressores permanecem impunes; e por fim, ela foi expulsa da UNIBAN sem direito de defesa.

As duas primeiras formas, tão recorrentes na vida das mulheres brasileiras, precisaram ser acompanhadas da terceira violação e de uma atuação intensa dos movimentos de mulheres para causar comoção pública e motivar o apoio de órgãos como o Ministério Público e a OAB. Estes pronunciamentos foram decisivos para a decisão da reitoria da UNIBAN de revogar a suspensão de Geisy, mas não são suficientes para apagar a humilhação sexista diariamente imposta a ela e todas as mulheres brasileiras.

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