Os feminismos populares se espalharam pela América Latina e abrangem uma ampla gama
de movimentos de base que interagem com movimentos de mulheres que não necessariamente se
definem como feministas e participam de organizações populares mistas. Do feminismo indígena,
negro ou nos movimentos de bairro latino-americanos, emergem demandas crescentes de
des-patriarcalização, desenvolve-se uma pedagogia feminista renovada e se questionam as
hierarquias das organizações de esquerda.
Apesar da ofensiva conservadora que comove esses tempos, devastando as conquistas dos
povos, espalhando raiva e fúria nos corações, existe um clã subterrâneo, 3 um movimento de
consciência histórica que cresce, se "encorpa" a partir da memória, e muda – nos muda – a vida
cotidiana. Refiro-me à irrupção, na política, de coletivos de ação, pensamentos, sentimentos, sonhos,
que assumimos o feminismo como uma proposta que desafia as múltiplas opressões produzidas
pelo capitalismo colonial e patriarcal. Feminismos indígenas, camponeses, de bairros populares, de
trabalhadoras de duplas e triplas jornadas. Feminismos de sujeitas não assujeitadas, que
respondemos coletivamente aos desafios da sobrevivência e vamos tornando realidade a proposta
uma: “mexeu com uma, mexeu com todas”. [...]