Desde 2016 aconteceram cursos presenciais entre ativistas para formação em práticas de autocuidado e cuidado entre ativistas em diferentes regiões do país. Entre 2018 e 2020, a plataforma de formação da Universidade Livre Feminista ancorou um espaço para que essas ativistas de diferentes regiões do Brasil pudessem partilhar suas experiências, reflexões, duvidas e debater questões relacionadas ao cuidado coletivo. Apesar da experiência não ter ganhado a adesão esperada no ambiente moodle, o Espaço de Autocuidado e Cuidado entre Ativistas foi utilizado no início da pandemia de covid-19 (2020) para a construção coletiva de um diário da quarentena. A ideia foi garantir as diversas expressões das participantes, que lidavam com os impactos do isolamento social e da virtualização das relações.
Objetivos
- Atender ao desejo e à necessidade expressa pelas participantes por um lugar para o diálogo, o encontro e a partilha dos nossos saberes, experiências e reflexões.
- Compartilhar o que tem sido elaborado coletiva e individualmente no ativismo sobre o autocuidado e o cuidado coletivo nos nossos movimentos, lutas, grupos, organizações. E que nos dê oportunidades online e semipresenciais para o diálogo e a construção em grupo e compartilhada.
- Buscar e mobilizar a solidariedade, o apoio, o cuidado, a proteção de mulheres ativistas que estejam vivendo em dificuldades, sob estresse, sendo ameaçadas ou em situação de risco.
- Alimentar e manter um acervo de ilustrações, fotografias, documentários, vídeos, podcasts, artigos, pesquisas, livros, revistas, poesias, rimas, crônicas, outras escrituras sobre/para o autocuidado e cuidado entre ativistas, na esfera digital e real da vida.
- Criar um movimento que vá na contramão do excesso de informações e mensagens desencontradas que bombardeiam nossos celulares diariamente (via WhatsApp, Facebook, Instagram etc.) e que geram aceleração, desatenção, tensões, estresse e exaustão em nós e entre nós.
- Garantir que cada uma se dê o tempo necessário para a reflexão, sem a avalanche instantânea e desesperadora de emergências e más notícias, sem cobranças e pressões por respostas urgentes.
Metodologia
A proposta era de construir um espaço de toca, sem atividades específicas, mas que fosse um ambiente de respeito e confiança que pudesse acolher os ritmos pessoais, ciclos, desejos de partilha pessoal e coletiva e do compromisso com as lutas. Por isso, todas se comprometiam a mantê-lo como lugar seguro, acessível, diverso, plural, colaborativo, horizontal, aconchegante e não estressante. Para nutri-lo, cultivá-lo e sustentá-lo assim, era indispensável o compromisso de todas e cada uma, assim como o reconhecimento e respeito às possibilidades e responsabilidades diferenciadas que cada integrante poderia assumir, conforme as suas condições (inclusive, as possíveis deficiências), para alimentar esta iniciativa coletiva. Finalmente, havia o convite para todas serem co criadores do Espaço, em parceria com o CFEMEA e a Universidade Livre.