HPV
Ministério da Saúde
Doença provocada por vírus pode evoluir para o câncer de colo de útero, causa da morte de milhares de mulheres. Sistema Único de Saúde oferece diagnóstico gratuito
Embora pouco conhecido pela população brasileira, o Papilomavirus Humano (HPV) se destaca como uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns no mundo – uma em cada cinco mulheres é portadora do vírus. O Ministério da Saúde registra a cada ano 137 mil novos casos no país. Os especialistas chamam a atenção para o desenvolvimento da doença, responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero. O I Simpósio de Genitoscopia, que será realizado em Brasília a partir do próximo sábado, discutirá a prevenção e o tratamento da doença.
O Papilomavirus Humano (HPV) é o nome dado a um grupo que inclui mais de 100 tipos de vírus. A única forma visível da doença provocada por esse microorganismo são verrugas, também conhecidas como “crista de galo”, que aparecem nas regiões genitais de homens e mulheres. No entanto, só os tipos mais suaves do HPV desenvolvem tais sintomas. Os que atuam de maneira secreta podem produzir problemas mais sérios e levar ao câncer.
O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV. As vítimas preferenciais são mulheres entre 15 e 25 anos, embora a doença também acometa os homens. Especialistas acreditam que o número menor de registros entre pessoas do sexo masculino tenha como origem a baixa procura dos homens por serviços de urologia, por fatores como o preconceito ou a falta de informação.
O HPV é transmitido pelo contato genital com a pessoa infectada (incluindo sexo oral) e por via sangüínea, de mãe para filho na hora do parto. Na maioria das vezes, a infecção é transitória e desaparece sem deixar vestígios. Por isso, quando se realiza o diagnóstico, não se consegue saber se a infecção é recente ou antiga. A doença viral pode permanecer sem se manifestar no corpo da pessoa.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece exames gratuitos à população para detecção do vírus. Segundo o assessor técnico da unidade de DST do Programa Nacional de DST/Aids, Eduardo Oliveira, indica-se o exame de Papanicolaou para detectar a doença desde a fase inicial nas mulheres. “O Papanicolaou é o primeiro exame indicado. Quando a doença está em fase aguda, ele é capaz de descobrir facilmente a presença do vírus”, afirma. Nesse tipo de exame, recolhe-se um material da parede do colo uterino para análise em laboratório. Se houver resultados alterados, o ginecologista deve recorrer ao exame de colposcopia para analisar o colo do útero. Esse método se vale de um microscópio com lentes de aumento.
Câncer – Alguns tipos de HPV aumentam o risco para câncer genital, principalmente nas mulheres. O exame preventivo tem a capacidade de detectar as lesões que antecedem o câncer, o que facilita o tratamento. Na maioria das pessoas, essas lesões regridem espontaneamente. Em algumas mulheres, porém, a doença pode persistir e progredir. Nesse caso, elas ficam mais vulneráveis ao desenvolvimento de um câncer. “Esse processo costuma levar anos e depende também de outros fatores, principalmente da imunidade de cada um”, diz Eduardo.
Para evitar que a contaminação pelo HPV se transforme em câncer, é fundamental que as mulheres se submetam ao exame Papanicolaou regularmente. O Ministério da Saúde também recomenda visitas freqüentes a ginecologistas, para prevenção de doenças relacionadas à sexualidade e à reprodução. Alguns fatores aumentam a probabilidade de desenvolvimento desse câncer em mulheres infectadas pelo HPV. Entre eles, estão o número elevado de gestações, o uso de contraceptivos orais, tabagismo e infecção pelo HIV e outras DST.
Levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostrou que existem cerca de 18 mil novos casos de câncer de útero a cada ano no país. Desse total, estima-se que, apenas em 2005, cinco mil mulheres perderão a vida em função da doença. Outro importante estudo realizado pelo Instituto Ludwig de Pesquisas – um dos centros de excelência no assunto – sobre o câncer de colo de útero indicou que o HPV é o maior precursor desse problema de saúde na população feminina. Segundo as autoridades em saúde, cerca de nove a cada dez casos de câncer de útero têm ligação com a presença do vírus HPV no organismo.
A explicação para tantos casos pode ter como causa o fato de a infecção do HPV se desenvolver de forma silenciosa no corpo humano. “A maioria das pessoas não apresenta nenhum sintoma ao contrair a doença e, por isso, não procura tratamento. Esse comportamento é o grande responsável pela disseminação do vírus”, alerta Eduardo Oliveira.
Vale ressaltar que o uso da camisinha diminui a possibilidade de transmissão na relação sexual. “Mas como essa infecção depende apenas do contato com a pele e não necessariamente da penetração, é importante o uso do preservativo desde o início da relação sexual”, assinala Eduardo.
Serviço:
A rede do Sistema Único de Saúde (SUS) para detecção de HPV é composta por 6.908 postos, localizados em 2.807 municípios brasileiros. Nesses locais, oferecem-se exames gratuitos de prevenção e checagem da doença. Além do HPV, o SUS garante tratamento contra aids, sífilis, gonorréia e outras DST.
Para saber onde fazer o exame visite o site: www.aids.gov.br. Basta clicar em “diagnóstico”, “outras DST”, “como saber se tenho”; procure o estado e clique em “pesquisar”. O usuário encontrará uma lista com a localização dos postos de saúde especializados no tratamento de DST.
Você também pode ter acesso a informações pelo número do Disque Saúde (0800 61 1997). A ligação é gratuita.