LAURA LOPES – revista Época
Cardeal do Vaticano tentou abafar o crime do padre Murphy. O que abusou sexualmente de 200 crianças surdas
Em foto de 2006, Papa Bento XVI (dir.) com reverendo Georg Gaenswein (centro) e o cardeal Tarcisio Bertone (esq.) (AP Photo/Alessandra Tarantino
As histórias sobre os escândalos sexuais de padres pedófilos acobertados pelo alto clero da Igreja Católica parecem não ter fim. Depois do Papa Bento XVI ter sido acusado de acobertar o padre Lawrence Murphy, que molestou 200 crianças surdas numa escola do Estado amercicano do Wisconsin, o nome do cardeal Tarcisio Bertone, o número 2 do Vaticano, aparece como peça-chave na tentativa de abafar o esândalo.
O jornal alemão Die Zeit de hoje publicou um fac-símile de documentos do Vaticano, em que o cardeal italiano, hoje secretário de Estado da Santa Sé, tentou brecar a investigação, a qual o Papa foi acusado de negligenciar – segundo o jornal New York Times. De acordo com ata de uma reunião em 1998, o caso deveria ser tratado com o maior sigilo possível, já que era um processo difícil de ser investigado “sem ampliar o escândalo”.
A solução, para o cardeal, seria poupar o caso de um processo dentro da Igreja. Agindo dessa maneira, Bertone evitaria que seu chefe, à época o cardeal Ratzinger, que dirigia a Congregação para a Doutrina da Fé (de 1981 a 2005), fosse atingido religiosa e politicamente pelos atos de Murphy, que aconteceram entre as décadas de 50 e 70. Tais documentos eximem Ratzinger da culpa.