INTENSIFICA-SE A CAMPANHA MUNDIAL CONTRA A EXECUÇÃO DE SAKINEH


 

Celso Lungaretti (*)

 

Sakineh Mohammadi Ashtiani, que o estado teocrático do Irã quer executar em nome de usos e costumes medievais, recebe solidariedade cada vez maior de governos, entidades e cidadãos com espírito de justiça em todo o mundo.

 

A cruzada se intensificou depois que Sakineh, na semana passada, foi conduzida à sua casa para a gravação de um documentário falacioso da TV iraniana. ONG’s chegaram até a anunciar, erroneamente, sua libertação.

 

A realidade era bem outra: coagiram-na a coonestar o que haviam inventado a seu respeito os aiatolás ensandecidos, depois que a sentença de morte por apedrejamento (como punição por um mero adultério) provocou indignação universal.

 

Foi obrigada a uma encenação lesiva a seus interesses e, exatamente por isto, inaceitável segundo os preceitos civilizados de Justiça. Assim, admitiu ter aplicado uma injeção de sedativo no marido, para que depois, supostamente, fosse eletrocutado por seu amante.

 

Nada disto, nem mesmo que tenha havido assassinato, subsiste à luz do Direito contemporâneo. O paralelo mais adequado ao que passa por justiça no Irã é o Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição).

 

Para Mina Ahadi, do Comitê Internacional contra a Pena de Morte, “o programa de TV foi uma farsa brutal”. Assino embaixo.

 

Exatamente porque esses Torquemadas com turbante não têm a mais ínfima credibilidade, o Parlamento Europeu decidiu enviar uma comitiva internacional de advogados a Teerã

 

Liderado pelo italiano Bruno Malattia, o grupo de cinco juristas aguarda a permissão do governo do Irã para o ingresso no país.

 

Dificilmente a terá. Quem prende o advogado de uma ré para deixá-la indefesa, e o seu filho para deixá-la sem apoio, não passa de linchador. E linchadores agem nas sombras, tudo fazendo para não serem expostos à luz.

 

Afora isto, mais de 80 artistas, acadêmicos e políticos — incluindo os atores Robert Redford e Robert De Niro, o cantor Sting, o prêmio Nobel de literatura Wole Soyinka e o ministro das Relações Exteriores francês Bernard Kouchner — acabam de pedir a libertação de Sakineh.

 

“Sakineh Mohammadi Ashtiani já sofreu o suficiente. Nós pedimos ao governo do Irã para libertar imediatamente Sakineh, seu filho Sajad Ghaderzade e seu advogado Javid Houtan Kian”, dizem em carta aberta ao aiatolá Ali Khamenei e ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, que o Times publicou.

 

E nosso ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reiterou que a oferta do presidente Lula, de asilo no Brasil, continua em pé.

* Jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

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