Movimentos de mulheres do Distrito Federal se mobilizaram hoje(15/12) e foram até a Câmara Legislativa protestar contra a corrupção que tem caracterizado o governo e o legislativos locais. Na verdade, o escândalo que tomou o nome de Pandora (operação da Política Federal) ou Panetonegate, por causa da desculpa esfarrapada que o governador deu primeiramente para o motivo de estar recebendo dinheiro em espécie de um de seus auxiliares (ele disse que era para comprar panetone para os pobres!) tem mostrado que a corrupção atinge diretamente o governador José Roberto Arruda, seu vice, Paulo Octávio, grande parte do secretariado e de auxiliares diretos do governo, grande parte dos parlamentares e até membros do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas.
Certamente não seriam tão descarados, recebendo grandes somas em dinheiro, achacando empresas e realizando grandes transações imobiliárias (o governador comprou um Haras e outras propriedades), se não tivessem a certeza da impunidade. E para ter essa certeza, é claro que contavam com a colaboração e cumplicidade de membros dos demais Poderes.
Uma prova disso é o envolvimento dos deputados distritais, a quem cabe julgar e processar o governador. Como estão quase todos envolvidos com a corrupção, os processos de impeachment e crime de responsabilidade do governador e dos deputados estão e continuarão sendo tratados com desdém. O cinismo tem impedado. Tanto o governador fala sem a menor cerimônia de que deseja continuar governando para acabar com a corrupção, quanto os deputados tratam o assunto achando que a população vai acabar esquecendo … como de outras vezes.
Nesse contexto, ganha força a necessidade da mobilização social. Única forma de fazer justiça, destituir o governador, o vice e os demais corruptos. Cassar os deputados corruptos e processar os demais membros do Judiciário e do Tribunal de Contas.
É uma situação muito difícil, mas especialmente a juventude tem mostrado garra. Ocuparam o Plenário da Câmara e têm protestado todos os dias, mesmo com a Polícia Militar servindo-se de cão de guarda dos corruptos, chegando a agredir violentamente os que protestavam dias atrás. Abriu-se inquérito (daqueles para inglês ver) porque as cenas de violência descabidas correram o país e constrangeram as autoridades locais, mesmo aquelas que sempre acharam que é assim memso que se deve tratar ativistas sociais (aprenderam fazendo o mesmo na época da ditadura militar).
Os movimentos de mulheres, incluindo o o Fórum de Promotoras Legais Populares do DF, estão tentando manter-se mobilizados. Vamos ver o que acontece nos próximos dias …
A deputada distrital Érica Kokay, a única parlamentar que não se envolveu nos esquemas de corrupção do governo Arruda, nos informou que o processo de afastamento do governador é longo e muito difícil, com votações exigindo um quórum de 2/3 dos parlamentares. Seu relato nos faz crer que a via puramente institucional não será o meio de se conseguir punir os corruptos do DF. Se não houver uma grande e espetacular mobilização social, as instituições que estão controladas pelos corruptos, premanecerão como um dique de proteção desses elementos nocivos.
E mais, a deputda Érica lembrou que a corrupção atinge diretamente as mulheres, rouba dinheiro da saúde, rouba dinheiro da assistência social e acaba matando os mais pobres e como a pobreza é feminina, mata as mulheres.
Veja o vídeo com o pronunciamento de Guacira Cesar de Oliveira, participante do colegiado Centro Feminista de Estudos e Assessoria, CFEMEA, em http://vimeo.com/8203017