Adital – A violência contra as mulheres é freqüente no México. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre a Dinâmica das Relações nos Lares de 2006, de cada 100 mulheres maiores de 15 anos no país, 67 já sofreram alguma violência. O estado de Jalisco revela bem essa realidade: nos últimos 12 anos, quase 600 mulheres foram vítimas de feminicídios. Os dados são do Relatório de Feminicídios em Jalisco 1997-2009.
De acordo com o estudo, 581 mulheres – a maioria entre 21 e 40 anos – foram vítimas de feminicídio em Jalisco entre os anos de 1997 e 2009. O estado, que ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de violência contra mulher, apresenta a misoginia como principal causa das agressões. Segundo a pesquisa, o índice de violência no estado (78,5% das mulheres com 15 anos ou mais em Jalisco já sofreram algum tipo de violência) supera até mesmo a média nacional, que é de 67%.
Dos 126 municípios que compõem o estado, 60 apresentaram algum caso de feminicídio nos últimos onze anos. Destacaram-se como principais zonas de incidência de violência contra a mulher em Jalisco: Guadalajara e região metropolitana (Zapopan, Tlaquepaque, Tonalá, Tlajomulco de Zúñiga e El Salto), região Altos Norte (Lagos de Moreno), região Norte (Mezquitic), região Sul (Zapotlán el Grande), e região Costa Norte (Puerto Vallarta).
A violência contra a mulher mais frequente em Jalisco é a realizada pelo atual ou antigo marido ou companheiro. Segundo a pesquisa, 52,8% das mulheres no estado declararam já ter sofrido esse tipo de violência. Além disso, o relatório revela que, quanto menor o grau de escolaridade, maior o número de casos de feminicídio.
De acordo com o estudo, a maioria das mulheres vítimas de feminicídio no estado possuía mais de uma marca de violência no corpo. Das mulheres assassinadas e investigadas pela pesquisa, 176 foram golpeadas; 169, mortas por armas de fogo; 50, violadas; 15 foram achadas despidas; e 18 foram queimadas ou calcinadas.
Vale destacar que as agressões sofridas pelas mulheres mexicanas não se resumem somente à violência exercida pelo marido ou companheiro. De acordo com pesquisa do Instituto Nacional de Estatística e Geografia do país (Inegi) de 2008, além de vítimas de maridos e ex-companheiros (43,2% dos casos), as mexicanas também sofrem com violência na comunidade (39,7%), no trabalho (29,9% das assalariadas), na família (15,9%) e na escola (15,6%).
"Finalmente, conclui-se que o assassinato de mulheres no Estado de Jalisco, longe de tratar-se da realização de um conjunto de delitos de foro comum ou de um agravamento da violência intrafamiliar, reflete um caso extremo de violência de gênero contra a diversidade de mulheres de Jalisco por sua condição de mulheres, que se manifesta na violação de seu direito à vida, à segurança, à liberdade; quer dizer, uma violação dos direitos humanos das mulheres no México e, em particular, em Jalisco e na zona metropolitana de Guadalajara.", apresenta.
A pesquisa sobre feminicídios em Jalisco entre 1997 e 2009 foi elaborada pelo Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem México), pela Agenda Feminista de Jalisco e pelo Observatório Nacional de Feminicídio. O relatório completo está disponível em: http://www.cladem.org/espanol/nacionales/MEXICO/informedefeminicidio_méxico.pdf