CAÇA-NÍQUEIS POSA DE ÉTICA! OFERECE ENSINO DE QUALIDADE DUVIDOSA E EXPULSA ALUNA. A Universidade Bandeirante, conhecida como Uniban, comunicou por meio de anúncio publicitário nas edições deste domingo (8) de alguns dos principais jornais de São Paulo que a aluna do curso de turismo Geysi Villa Nova Arruda foi desligada “do quadro discente da instituição, em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”.Estudante, além de ser agredida por alunos, agora é exposta públicamente pela própria "universidade" em publicidade colocada em veículos de comunicação de massa. Universidade acusa aluna de vestir roupa que mostra seu corpo e por rebolar ao andar! Talibã é pouco para o fundamentalismo hipócrita da Uniban!
Geysi Arruda afirmou ao G1 não ter sido notificada da decisão.
‘Se for confirmado, algo tem de ser feito’, disse.
Geysi Arruda considerou "um absurdo" a sua expulsão pela Uniban (Foto: Reprodução/TV Globo)
Contactado pela produção do Jornal das Dez, o assessor jurídico da Uniban, Décio Lecioni Machado, disse que o vestido curto que Geysi usava no dia da confusão não motivou a expulsão. Segundo ele, foram gestos e atitudes que a aluna já manifestava “há tempos” que provocaram o tumulto e, consequentemente, o desligamento da universidade. Apesar da afirmação, o assessor jurídico não quis entrar em detalhes sobre que tipo de gestos e atitudes seriam esses, suficientes para justificar a expulsão.
Ao G1, por telefone, Geysi afirmou na noite deste sábado (7) que nem ela e nem seus advogados foram notificados da decisão da universidade até o momento. “Primeiro quero ter certeza que isso é verdade. Se isso for confirmado, alguma coisa tem de ser feita”, declarou. A Uniban informou que já tentou notificar a estudante, mas ainda não conseguiu.
De acordo com o anúncio, a Uniban afirma que a decisão é "o resultado da sindicância no campus de São Bernardo do Campo sobre o episódio ocorrido no dia 22 de outubro, fartamente exibido na internet e divulgado pelos veículos de comunicação".
O informe publicitário diz que "foi apurado que a aluna tem frequentado as dependências da unidade em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade e, apesar de alertada, não modificou seu comprtamento".
Depois de elencar uma série de fatos relacionados ao ocorrido do dia 22, o informe considera que "foi constatado que a atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar".
Além disso, diz que "a aluna demonstrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse e estava acompanhada de dois advogados e uma estagiária vinculados a uma rede de televisão" em seu depoimento na sindicância.
Além de anunciar a expulsão de Geysi, a Uniban decidiu "suspender das atividades acadêmicas, temporariamente, os alunos envolvidos e devidamente identificados no incidente ocorrido no dia 22". No entanto, o anúncio não informa quantos alunos foram afastados e nem os seus nomes.
Geysi afirmou que está sem entender o que está acontecendo. "A faculdade não falou nada para mim e para os meus advogados. Estou lendo na internet e não estou acreditando", disse ao G1. Ela disse que participou da sindicância, das 14h às 20h, na quarta-feira (4) e que foi "bombardeada de perguntas". "Eles estavam mais preocupados com possíveis erros em relação ao que eu falava do que em apurar quem participou daquele xingamento todo. Eu saí de lá chorando", relatou.
Segundo ela, na sindicância teria ficado acordado que ela voltaria às aulas nesta segunda-feira (9). "Um segurança estaria me esperando na portaria e me levaria até a sala e eu não iria divulgar nada para a imprensa. Agora não sei mais o que pensar", contou.
Aos poucos, sua indignação foi crescendo com a notícia. Para ela, se os alunos ficarem impunes novas agressões deverão se repetir no campus da Uniban. "É um absurdo isso, é uma falta de respeito. É uma injustiça. Eles vão fazer de novo, de novo e de novo, assim como agrediram aquela moça e atacaram o carro dela, porque ninguém pune. Foi uma maldade o que fizeram. Alguém vai ter de fazer alguma coisa", finalizou, inconformada.
De acordo com assessor jurídico da Uniban, a decisão foi tomada depois que a universidade ouviu a opinião de alunos, professores e funcionários sobre a estudante.
Secretaria das Mulheres cobra explicação da Uniban sobre expulsão de aluna
Nilcéa condenou a decisão de expulsar a universitária por usar vestido curto e disse que a atitude da escola demonstra “absoluta intolerância e discriminação”
A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, informou neste domingo(8) que vai cobrar da Uniban (Universidade Bandeirante (Uniban) explicações sobre a decisão de expulsar uma aluna que usava um vestido curto e sobre o andamento das medidas contra estudantes que a “atacaram verbalmente”. Nilcéa condenou a decisão de expulsar a universitária e disse que a atitude da escola demonstra “absoluta intolerância e discriminação”.
– Isso é um absurdo. A estudante passou de vítima a ré. Se a universidade acha que deve estabelecer padrões de vestimenta adequados, deve avisar a seus alunos claramente quais são esses padrões, disse a ministra.
A ministra disse que a ouvidoria da SPM já havia solicitado à Uniban explicações sobre o caso, inclusive perguntando quais medidas teriam sido tomadas contra os estudantes que hostilizaram a moça. Amanhã (9), a SPM deve publicar nova nota condenando a medida e provocando outros órgãos de governo como o MPF (Ministério Público Federal ) e o MEC (Ministério da Educação) a se posicionarem.
Confira também
As cerca de 300 participantes do seminário A Mulher e a Mídia decidiram divulgar, ainda hoje, moção de repúdio à Uniban pela expulsão da estudante Geyse Arruda, que foi hostilizada no dia 22 do mês passado por cerca de 700 colegas, por usar um vestido curto durante as aulas. Aluna do primeiro ano do curso de turismo, Geyse foi expulsa da instituição, que tem sede em São Bernardo do Campo (SP). A decisão foi divulgada em nota paga publicada neste domingo em jornais paulistas.
Presidente do PT chama universidade que expulsou aluna de “fascista”
Ricardo Berzoini disse no Twitter que universidade deveria ser fechada
Logo após começar a circular a notícia de que a Uniban vai expulsar a universitária Geisy Arruda, que foi hostilizada por conta da sua roupa, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, publicou no Twitter um comentário em que acusa a instituição de fascista – com tendência ditatorial, centralizadora.
Veja o vídeo feito por alunos dentro da universidade.
“Uma universidade dessas merece ser fechada. Fascismo puro”, escreveu o petista em sua página no microblog.
A universidade vai divulgar uma nota publicitária neste domingo (8) em jornais em que argumenta que a estudante usava trajes inadequados, indicando “uma postura incompatível com o ambiente da universidade e, apesar de alertada, não modificou seu comportamento”.
A Uniban diz ainda que, na sindicância aberta para apurar o caso, "foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção" dos outros estudantes. Ela chegou a posar para fotos, diz a nota publicitária.
A jovem alega que, na ocasião, foi humilhada por alunos, professores e funcionários da universidade.
Manifesto em defesa da liberdade e da autonomia das mulheres
Conquistaram os direitos civis com as lutas sufragistas, direitos trabalhistas, cidadania e o das últimas décadas do século XIX em diante, acrescentaram o direito de decidir e a autonomia sobre o próprio corpo nas lutas cotidianas.
A erradicação de toda forma de violência e discriminação contra as mulheres é um compromisso firmado pelo Estado brasileiro em diferentes tratados internacionais de direitos humanos, como: a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir, e Erradicar a Violência contra a Mulher, da OEA (Convenção de Belém do Pará) e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), da ONU, e em leis nacionais como a Constituição Cidadã e a Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. E é uma das prioridades nas ações do governo, por meio do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, assumidos pelos municípios da Região do Grande ABC.
Num Estado de Direito como o nosso, constituído e baseado nos princípios da democracia e do respeito à liberdade e igualdade de mulheres e homens, independente de pertencer a qualquer raça, cor, credo, orientação sexual ou idade; não podemos admitir que atitudes como a das e dos alunos/as da Universidade Bandeirantes (UNIBAN), que no dia 22/10/2009 discriminaram e ofenderam Geysi Arruda, aconteçam de forma impune.
São Bernardo do Campo, 03 de novembro de 2009.
TODAS ASSINATURAS SERÃO INCLUÍDAS NO CORPO DO BLOG DIARIAMENTE
Frente Regional de Combate à Violência – Grande ABC Paulista e Região
Assinam este Manifesto:
1. Maraisa de Fátima Almeida – Socióloga – Brasília/DF
2. Valéria Pandjiarjian – Advogada, responsável pelo Programa de Litigio Internacional do Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) – São Paulo/SP
3. Mariana Bento – Educadora – FéMinina Movimento de Mulheres; Forito – Foro Conesul de Mulheres Jovens Políticas – Santo André – SP
4. Railídia Carvalho da Silva – Jornalista – São Paulo / SP
5. Lais Amaral Rezende de Andrade – Advogada, conselheira do Instituto dos Advogados de São Paulo
6. Angela Teixeira de Freitas – Socióloga e comunicadora social – Rio de Janeiro/ RJ
7. Marilda de Oliveira Lemos – Assistente Social – CRES 8869 – Santos/SP.
8. Fernando Franzoi da Silva – Assessor Político – São Paulo / SP
9. Thomaz Rafael Gollop – Médico- Livre Docente em Genética Médica pela Universidade de São Paulo – Professor Adjunto de Ginecologia de Jundiaí – São Paulo, Capital
10. Leila Mattos- Socióloga
11. Amanda Mendonça – Socióloga – Teresópolis-RJ
12. Equipe Anis Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Brasília/DF
13. Rosângela Talib – Psicóloga – Católicas pelo Direito de Decidir – São Paulo/SP
14. Elisangela Karlinski – Socióloga – Brasília – DF
15. Wânia Pasinato – Socióloga – Pesquisadora Sênior do Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP); Pesquisadora do PAGU – Núcleo de Estudos de Gênero (UNICAMP); Consultora da SPM para Implementação do Pacto Nacional pelo Enfrentamento a Violência contra as Mulheres no estado de SP; Assessora Técnica do Observe – Observatório da Lei Maria da Penha São Paulo (SP)
16. Cássia Cristina Carlos – Presidenta PROLEG – Promotoras Legais Populares de Santo André – Santo André – SP
17. Alinne Bonetti – Antropóloga Brasília – DF
18. Féminina – Movimento de Mulheres de Santo André – SP
19. Telia Negrão Jornalista – Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Porto Alegre/RS
20. Jane Ciambelli – Publicitária – Simple Comunicação – São Paulo/SP
21. Najla Kertzer – Pubilicitária – Simple Comunicação – São Paulo/SP
22. Flavio Mendes – Cineasta – Simple Comunicação – São Paulo/SP
23. Diego Nascimento – Web designer – Simple Comunicação – São Paulo/SP
24. Daniela Rubine – Publicitária – Simple Comunicação – São Paulo/SP
25. Vanderlei Moreira – Publicitário – Simple Comunicação – São Paulo/SP
26. Marcio Franco – Publicitário – Simple Comunicação – São Paulo/SP
27. Carolina Barbosa – Publicitária – Simple Comunicação – São Paulo/SP
28. Marcelo Saggion – Publicitária – Simple Comunicação – São Paulo/SP
29. Mayara Nylsen Leão – Produtora – Simple Comunicação – São Paulo/SP
30. Claudio Maciel – designer – Simple Comunicação – São Paulo/SP
31. Ana Paula Portella – Pesquisadora – NEPS/UFPE – Recife/PE
32. Juliana Garcia Belloque – Defensora Pública – São Paulo/SP
33. Heloisa Buarque de Almeida – Professora – USP – São Paulo – SP
34. Carolina Branco de Castro Ferreira – Antropóloga – doutoranda em ciências sociais UNICAMP – UNICAMP – Campinas – São Paulo
35. Jacqueline Sinhoretto – socióloga, professora – Universidade Federal de São Carlos – São Paulo-SP
36. Haroldo Ceravolo Sereza – Jornalista – São Paulo/SP
37. Fernanda Estima, jornalista, São Paulo/SP
38. Marly Gueli de Queiroz Yaman
aka – Oficial Administrativo – Diadema – SP
39. Fernanda Fernandes – advogada – Fundaçao Open Society – Intercambio Angola Mocambique Brasil – SP/SP
40. Sueli Nascimento – PROLEG – Santo André – SP
41. Arlete Gois Bento – Pedagoga – Secretária do Coletivo de Mulheres do PT – Santo André – SP
42. Mair Pena Neto, jornalista, Rio de Janeiro, RJ
43. Ana Frank – Produtora Cultural – ONG "Ateliê de Mulher" – São Paulo/SP
44. Marisa Eugênia de Souza – Psicóloga – Coordenadora do Serviço de Atenção à Mulher em Situação de Violência Doméstica – Prefeitura de São Bernardo do Campo – São Bernardo do Campo – SP
45. Adriana Gragnani – feminista – São Paulo BR
46. Rogeria Peixinho – Articulação de Mulheres Brasileiras – Rio de Janeiro/RJ
47. Eline Jonas – Coordenadora Nacional da União Brasileira de Mulheres
48. Entidade: União Brasileira de Mulheres/UBM
49. Wellington Pereira Carneiro – Brasileiro Trabalhador humanitário, Brasília – DF
50. João Serfozo – Administrador de empresas – São Paulo / SP
51. María Fernanda Escurra /assistente social / Riode Janeiro – RJ
52. Maria Amélia de Figueiredo / Profissão: Psicóloga / Cidade: Santo André/SP
53. Givanildo Manoel da Silva – Educador – fórum estadual de defesa dos direitos da criança e do adolescente – SP/SP
54. Marcia Leal – Assistente Social – Féminina Movimento de Mulheres – Santo André – SP
55. União de Mulheres do Município de São Paulo, entidade feminista da cidade de São Paulo
56. Criméia Alice Schmidt de Almeida, feminista, enfermeira, atuo na cidade de São Paulo
57. Neide Aparecida Fernandes – Assistente Social – São Paulo
58. Tereza Martins Godinho – Psicóloga e Mestre em Ciências Sociais / Antropologia – Diadema – São Paulo
59. Maria Lucia Silva Barroco – Assistente Social – São Paulo
60. Thiago Fleury de Camargo Boromello – Assistente Social – Prefeitura do Municipio de São Paulo – São Paulo
61. Rosa Lourdes Azevedo dos Santos – assistente social – Doutora em Saúde Pública. Coordenadora da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos da Regional São Paulo
62. Rosemeire Antonini – Publicitária – Cia. do Metrô – São Paulo
63. IMAIS – Instituto Mulheres pela assistência Integral à Saúde, Diretos Sexuais e Reprodutivos, da Bahia.
64. Lilian Marinho – coordenadora substituta – IMAIS – Bahia
65. Márcia Ivone Leal de Oliveira – Assistente Social – Féminina Santo André-SP
66. Maria Aparecida Andreasi – Psicóloga – Associação Cidadania e Vida – Santo André – SP
67. Hérika Fernandes, empresária, São Luis – MA
68. "Todas as Marias e Clarisses" – projeto que visa o debate sobre a representação da mulher na sociedade, dentro do ambiente acadêmico da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) e em comunidades periféricas de São Paulo.
69. Ana Carolina Moreno – Estudante Universitária – Projeto Todas Marias e Clarisses – FESPSP e Comunidades Periféricas – São Paulo – SP
70. Samira Nagib – Estudante Universitária – Projeto Todas Marias e Clarisses – FESPSP e Comunidades Periféricas – São Paulo – SP
71. Thais Fincati – Estudante Universitária – Projeto Todas Marias e Clarisses – FESPSP e Comunidades Periféricas – São Paulo – SP
72. Maria Helena Souza da Silva – Professora – Salvador, Bahia
73. Tamara Amoroso Gonçalves – advogada – CLADEM/Brasil e NEMGE/USP – São Paulo, SP
74. AGENDE – Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento – Brasília – DF
75. Rosana Batista de Lucena CPF 08334575866 – Cidade João Pessoa Paraíba
76. Coletivo de Mulheres do PT/DF. Brasília – DF
77. Sandra Valongueiro – Medica e Pesquisadora – UFPE – Recife – PE
78. Maria Alice Bittencourt – Jornalista – Diretora do Depto de Prevenção e Combate a Violência contra as Mulheres da SPM/Lauro Freitas – Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) – Lauro Freitas/BA
79. NEMGE – Núcleo de Estudos da Mulher e Relações de Gênero – USP
80. ENTRE NÓS – Assessoria, Educação e Pesquisa em Gênero e Raça
81. Vanda Nunes Santana – Socióloga e Educadora –Educadora em Educação Para o Trânsito – Coordenação da Marcha Mundial das Mulheres – Comitê SBC – SP
82. Cecilia Castillo Nanjarí – Bacharel em Direito – Santo André, SP
83. Luciana Ribeiro Paneghini – Estagiária de Serviço Social – São Caetano do Sul/SP
A turba da Uniban
CONTARDO CALLIGARIS – FOLHA DE S. PAULO
As turbas têm um ponto em comum: detestam a ideia de que a mulher tenha desejo próprio
NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: "Pu-ta, pu-ta, pu-ta".
Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um "justo" protesto contra a "inadequação" da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.
Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim como do árbitro, claro, sempre "vendido") de duas maneiras fundamentais: &qu
ot;veados" e "filhos da puta".
Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia. Ou seja, "veados" e "filhos da puta" são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.
Cuidado: "veado", nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos "veados", por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser "usados" por seus ofensores. "Veado", nesse insulto, está mais para "bichinha", "mulherzinha" ou, simplesmente, "mulher".
Quanto a "filho da puta", é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. "Puta", nesse caso (assim como no coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.
Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.
O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de "querer"? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um prazer.
A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de "Zorba, o Grego", com redação obrigatória no fim?
Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, ao meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.
Uniban anuncia expulsão de aluna que usou vestido curto
A estudante Geisy Arruda, 20, diz que não foi comunicada pela universidade; veja a íntegra da nota
A estudante de turismo Geisy Arruda, 20, foi expulsa da Uniban (Universidade Bandeirante), após o episódio em que outros alunos da universidade a hostilizaram por usar um vestido curto demais, no dia 22 de outubro.
A instituição de ensino divulga uma nota publicitária em jornais neste domingo (8) em que argumenta que a estudante usava trajes inadequados, indicando “uma postura incompatível com o ambiente da universidade". Diz a nota:
– Apesar de alertada, [a aluna] não modificou seu comportamento.
Entrevistado pelo R7, o advogado da reitoria da Uniban, Décio Lencioni Machado, afirma que a estudante tinha atitudes provocantes na universidade há um certo tempo e que foi alertada sobre sua postura inadequada mais de uma vez por funcionários e colegas.
– Nesse dia [22 de outubro], temos relatos de que ela levantou o vestido e permitiu que as pessoas vissem suas partes íntimas, se olhassem por trás. Ela circulou pelos corredores assim, chegou a entrar em sala de aula desse jeito.
A expulsão não ocorreu por causa do vestido curto, mas devido a essas atitudes insinuantes, afirma o advogado. Ele diz que a decisão saiu na noite de sexta-feira (6).
A estudante nega ter levantado o vestido e diz que não foi comunicada pela universidade da expulsão.
Geisy diz ainda que vai voltar para a faculdade na segunda-feira (9), mesmo que tenha sido desligada. Ela considerou a decisão "um absurdo" e disse que vai processar a universidade:
– É mais um motivo para eu processar a Uniban. Eles não enviaram nenhuma carta, nem para o meu advogado, estou sabendo disso pela imprensa.
Os outros estudantes envolvidos na agressão a Geisy serão suspensos, diz o texto da nota.
Veja a reportagem do Jornal da Record sobre o caso da Uniban:
Veja a íntegra da nota que será publicada:
RESPONSABILIDADE EDUCACIONAL
A educação se faz com atitude e não com complacência
A Universidade Bandeirante – UNIBAN BRASIL – dirige-se ao público e, especialmente, à sua comunidade acadêmica para divulgar o resultado da sindicância no campus de São Bernardo do Campo sobre o episódio ocorrido no dia 22 de outubro, fartamente exibido na internet e divulgado pelos veículos de comunicação.
Em seu depoimento perante a comissão, a aluna demonstrou um comportamento instável, que oscilava entre a euforia e o desinteresse, e estava acompanhada de dois advogados e uma estagiária vinculados a uma rede de televisão.
1. Desligar a aluna Geisy Vila Nova Arruda, do quadro de alunos da instituição em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, a dignidade acadêmica, e a moralidade.
2. Suspender das atividades acadêmicas, temporariamente,m os alunos envolvidos e deviudamente identificados no incidente.
Imagem da nota publicitária publicada pela Uniban nos jornais