De norte a sul do País conservadores procuram enganar a população promovendo a perseguição às mulheres utilizando a cinicamente a “defesa da vida” como justificativa
Recentemente foi lançada em Belo Horizonte uma “Frente Parlamentar Municipal em Defesa da Vida e Contra o Aborto”, no final do mês em Brasília está prevista a realização de uma marcha pela perseguição às mulheres, escondida por detrás do nome “Marcha da Cidadania pela vida” e em outros estados têm sido realizadas atividades diversas como apresentação de filmes, divulgação de material etc.
Essas e outras iniciativas, dentro e fora do parlamento fazem parte de uma campanha organizada pela extrema-direita para enganar a população e promover o aumento da repressão e perseguição às mulheres com o falso argumento de “defesa da vida”.
É a reação da direita para atacar os direitos democráticos das mulheres existentes , e ainda a evolução da consciência dos setores oprimidos num momento de crise capitalista.
A campanha contra o aborto saiu da Capela de São Pedro em Roma, para ocupar a Casa Branca (é conhecido o acordo do papa João Paulo II com ex-presidente norte-americano George Bush) e agora, com Ratzinger esta ofensiva vem se espalhando por todo mundo com conflitos em vários países como México, Espanha, Portugal etc. em torno da questão do aborto.
No Brasil um dos resultados dessa ofensiva direitista foi o indiciamento de quase 10.000 mulheres do Mato Grosso do Sul, após o fechamento de uma clínica acusada de realizar abortos clandestinos.
A criação de diferentes Frentes nas câmaras municipais e estaduais também é parte dessa campanha e mais uma decisão do “Encontro de Legisladores e Governantes Pela Vida” que em 2007 decidiu também pela criação da CPI do aborto, que sob a pretensa “investigação do aborto clandestino no País” quer criar uma Inquisição para expor, julgar e condenar mulheres que cometeram aborto.
Em Pernambuco um grupo cujo nome é Javé Nossa Justiça “de cunho ecumênico”, lançou uma campanha contra “dois males da humanidade: o aborto e a homossexualidade”.
“Munida com ao todo dois mil cartazes sobre o tema, a coordenação do movimento disse que já deu início à distribuição da papelada junto a igrejas, centros espíritas e templos evangélicos de todo o país. E a ação não para por aí. Seus integrantes garantem que vão estampar essas idéias em outdoors e nos jornais que circulam em Pernambuco” e mais “Na opinião dos membros do grupo, o aborto não deve ser feito nem mesmo nas condições previstas em lei” (Diário de Pernambuco, 30/7/2009).
Dois curtas-metragem sobre o tema produzidos e financiados pelos deputados da tropa de choque da direita no Congresso Nacional, um deles com amplo destaque para a participação da principal liderança política da Frente de Esquerda, Heloísa Helena, foi lançado na “Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC)”.
Como já noticiamos aqui, trata-se de “uma verdadeira campanha ideológica da direita que conta com a cobertura de membros do Psol e do PT para aparecer como uma campanha popular em “defesa da vida”, tentando liquidar o aborto como um direito democrático das mulheres.
Além disso, exposições com fotos típicas da campanha que pretende impressionar pelo horror, e palestras financiadas com dinheiro público faz parta da campanha que nas palavras do deputado federal Luís Bassuma (PT-BA), “decidiu abraçar duas bandeiras de lutas este ano, em busca de impedir a legalização do aborto no Brasil: a CPI do Aborto e a campanha contra a aprovação do aborto de anencéfalo, que será analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”
É necessário responder a altura dessa campanha hipócrita, repleta de moral e nenhuma verdade. É preciso esclarecer a toda população que não admissível confundir pecado com crime, lei com dogmas, Estado com decisões religiosas.
E principalmente que a “defesa da vida” promovida pelos perseguidores de mulheres contrários ao direito ao aborto, não corresponde a uma verdadeira defesa da vida, visto que pretende condenar à morte dezenas de mulheres de cotidianamente recorrem ao aborto, como medida desesperada diante de uma gravidez indesejada. Está comprovado que não se trata de criminalizar, o verdadeiro combate ao aborto se faz com um debate limpo de preconceitos, de medo, de culpa. O que só é possível acontecer através da legalização do aborto.
O papel da esquerda brasileira
O ataque da direita contra as mulheres tem ficado completamente sem resposta da parte dos diversos movimentos de mulheres, na sua maioria ligados a partidos de esquerda.
Enquanto a direita forma frentes parlamentares, os parlamentares da esquerda se calam completamente. Enquanto a direita faz atos públicos e passeatas, a esquerda confina-se a uma marcha ritual e sem qualquer importância política no 8 de março onde a ofensiva da direita sequer tem um lugar central.
A causa disso é muito clara e se encontra na política seguida pelo Bandos dos Quatro (PT-PCdoB-Psol-PSTU). A frente popular oficial (PT e PCdoB), no governo, não apenas fornece o principal líder da campanha, o deputado baiano Luís Bassuma, como assina uma concordata com o Vaticano concedendo privilégios políticos à Igreja Católica no Brasil. O PT está dominado por elementos religiosos e direitistas ligados tanto à Igreja Católica como à Igrejas Evangélicas que adotam as posições mais obscurantistas possíveis como se viu no caso de Marina Silva que não só é contra o direito de aborto, como se opõe às pesquisas de células-tronco e defende (!) o ensino do creacionismo na escolas públicas, a exemplo dos fanáticos religiosos norte-americanos do Sul.
A ala esquerda, não oficial, da frente popular, Psol e PSTU, unidos na Frente de Esquerda, é igualmente comprometida com a política da Igreja Católica, da Opus Dei e dos fanáticos religosos. A sua principal porta-voz, Heloísa Helena, é um dos expoentes da ca
mpanha da direita. Recentemente, a ala mais direitista desta frente, que inclui a própria Heloísa Helena, saiu a campo para defender a candidatura de Marina Silva, enquanto que a ala “esquerda”, dentro do Psol e o PSTU, defendem com unhas e dentes lançar novamente Heloísa Helena.
A direita brasileira ri à toa. Não é para menos, conseguiu dar a uma típica campanha de direita e de extrema direita, uma fachada de esquerda com a ajuda de PT, PCdoB, Psol e PSTU. Os direitistas da Opus Dei, das igrejas evangélicas que apoiavam Bush não precisam apresentar-se para defender as suas posições antidemocráticas e obscurantistas, usam o PT, “dos trabalhadores”, os “comunistas”, os “libertários” do Psol e os “trotskistas” do PSTU como fachada para enganar as massas e paralisar todos os movimentos de mulheres da esquerda.
Estre é o maior escândalo político da esquerda nacional em todos os tempos. Uma campanha ideológica da direita é levada adiante pela esquerda cooptada pelo regime político pró-imperialista.
A situação chegou a tal extremo que, no 1º de maio passado, Psol, PSTU, Conlutas, Intersindical, vários agruapamentos que se apresentam como revolucionários assistiram passivos, ao mesmo tempo em queera negada a palavra ao dirigente sindical demitido do Sintusp, Claudionor Brandão, onde estão ocorrendo as maiores lutas do movimento estudantil, abrir o microfone para o homem de confiança de Joseph Ratzinger e da Opus no Brasil, o Cardeal-Arcebispo de S. Paulo, Odilo Scherer!
Romper com a política da Opus Dei, por uma campanha de ruas em defesa do direito de aborto
Está na ordem do dia fazer um chamado aos movimentos de mulheres em geral e, em particular destes partidos e das organizações sindicais e estudantis que dirigem, para que rompam com a política do Opus Dei, ou seja, que rompam com a política de paralisia das direções dos seus partidos e iniciem uma luta efetiva contra a direita.
Os direitos democráticos das mulheres são uma questão fundamental e não podem ser colocados de lado em função de interesses eleitorais oportunistas e conveniência de momento. Nenhum movimento de mulheres é obrigado a seguir a orientação de calar-se diante da política da Opus Dei e aceitar que seu representantes falem em atos de partidos que se dizem de esquerda ou que seus atos direitistas sejam financiandos com dinheiro público.
É preciso discutir nos movimento operários, rurais e estudantis a necessidade de uma cmapanha de rua em defesa do direito de aborto e de denúncia da ofensiva direitista.
fonte: Causa Operária – www.pco.org.br/conoticias