Ontem (26/8) à noite, a Câmara dos Deputados dedicou-se a debater e aprovar um decreto e um projeto de lei que cria privilégios para a Igreja Católica e os estende para outras igrejas, desconsiderando as pessoas não religiosas e uam série de princípios constitucionais relacionados ao patrimônio do Estado, aos direitos civis e aos direitos trabalhistas. Como bem falou o deputado Ivan Valente (Psol/SP), foi uma marmelada só!
A bancada católica mostrou uma grande força ontem. PMDB, DEM, PP e PT passaram do rolo compressor sobre os descontentes e os críticos do Acordo Brasil-Vaticano.
O PPS mostrou-se dividido, a direção partidária é favorável ao Estado Laico, mas a maioria da bancada é sensível aos apelos religiosos. No caso do PCdoB, a questão era tática, como têm sido todas, o importante era mostrar a fidelidade com o PT e o governo. Só a deputada Alice Portugal (PCdoB/BA) fez um pouco de “marola” ao mostrar que a igreja tem se beneficiado muito dos recursos que o governo coloca na manutenção de prédios históricos da igreja católica. Contou que muito dinheiro foi ganho pela arquidiocese de Salvador com a venda do Palácio Episcopal para uma construtora que edificou um prédio cujos apartamentos custam 3 milhões de reais e têm no Palácio Episcopal no playgroud das crianças dos ricos proprietários. O mesmo caminho, de obediência e constrição, percorreu o PSB, com uma defesa intransigente do acordo feita pelo deputado Rodrigo Rollemberg (DF).
Apesar de lideranças do PR ter dito que parte dos evangélicos ser contrária a qualquer legislação que fira o Estado Laico e crie privilégios, ao final da noite aprovou-se um projeto a toque de caixa estendendo os privilégios da Igreja Católica para as igrejas evangélicas e assemelhadas.
Os dois projetos seguem agora para o Senado, onde a tendência é repetir o que aconteceu na Câmara: desconsiderar o conteúdo constitucional e político e aprovar os privilégios às igrejas.
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