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LISBOA – A escritora Matilde Rosa Araújo, referência incontornável para a literatura infanto-juvenil portuguesa, faleceu esta terça-feira, de madrugada, na sua casa em Lisboa, aos 89 anos, informou a família.
Matilde Rosa Araújo foi autora de livros de contos e poesia para adultos e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças – como “As Fadas Verdes” ou "O Sol e o Menino dos Pés Frios".
Nascida em Lisboa em 1921, Matilde Rosa Araújo licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, e foi professora do ensino técnico profissional em várias cidades do país.
Foi também professora do primeiro curso de Literatura para a Infância, na Escola do Magistério Primário de Lisboa.
Foi autora de livros de contos e poesia para adultos e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças – como “As Fadas Verdes”, "O Sol e o Menino dos Pés Frios", "História de uma Flor" e "O Reino das Sete Pontas".
Dedicou-se intensamente à defesa dos direitos das crianças através da publicação de livros e de intervenções em organismos com actividade nesta área, como a UNICEF em Portugal.
De acordo com fonte da Editorial Caminho, o corpo de Matilde Rosa Araújo será velado esta terça-feira na sede da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa.
“A medida padrão para a literatura infanto-juvenil"
Para António Torrado, que era amigo da escritora, Matilde Rosa Araújo "era a medida padrão para a literatura infanto-juvenil". A escritora “nunca procurou a fama ou o best-seller e encarou a literatura como um sacerdócio”, e "acarinhou sempre os escritores jovens", disse o conhecido escritor de livros infanto-juvenis.
“Matilde Rosa Araújo soube fazer o que Sebastião da Gama, de quem foi amiga, disse em relação ao professor: ‘ser professor é ser’; e Matilde foi professora com dedicação total e também como escritora. Ser escritora é ser.”, acrescentou Torrado, citado pela Lusa.
Para António Torrado o título “O livro da Tila”, de 1957, “inaugurou uma modalidade poética séria para as crianças, sem ceder à poesia infantilizante que se fazia”. “A poesia para as crianças tem a mesma exigência e qualidade que para os adultos”, sublinhou.
Torrado referiu dois títulos da autora: "O sol e o menino dos pés frios" e "As Fadas verdes".
A notícia da morte de Matilde Rosa Araújo foi recebida com "grande tristeza" pela escritora Luísa Ducla Soares, que a considerava "uma espécie de mãe" para os autores da literatura infantil em Portugal.
"É uma espécie de mãe que nos morre porque ela encontrava sempre uma forma de ajudar os escritores mais novos, não só no sentido intelectual como afectivo", recordou Luísa Ducla Soares em declarações à Lusa.
Na obra de Matilde Rosa Araújo, as preferências de Luísa Ducla Soares vão para a poesia, sobretudo "O Livro da Tila" e "O Cantar da Tila".
Texto inédito será publicado no Outono
Um texto inédito de Matilde Rosa Araújo, intitulado "Florinda e o Pai Natal", vai ser editado a título póstumo em Outubro pela Calendário.
A escritora tinha já pronta esta obra para a infância, com ilustrações de Maria Keil, disse o editor Francisco Madruga.
Matilde Rosa Araújo tem obra dispersa por várias editoras, mas tinha assinado recentemente pela Calendário, que editou "Lucilina e Antenor" e tencionava recuperar o catálogo mais antigo da escritora.
"A melhor forma agora de a homenagear é continuar a ler os seus livros", afirmou Francisco Madruga.
A autora tem publicados os livros "História de um Rapaz", "O Sol e o Menino dos Pés Frios", "O Reino das Sete Pontas", "História de uma Flor", sobre o 25 de Abril, "O Gato Dourado", "As Botas de Meu Pai", "As Fadas Verdes", "Segredos e Brincadeiras" e os mais recentes "A saquinha da flor" e "Lucilina e Antenor", entre cerca de quatro dezenas de títulos.