O Globo – (3/2/2010)
RIO e BRASÍLIA – Sessenta e sete bispos católicos, entre eles dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, e dom Eugenio Sales, arcebispo emérito do Rio, assinaram um abaixo-assinado rejeitando pontos do III Programa Nacional de Direitos Humanos . A nota, do dia 28 de janeiro, reafirma a posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) contra a descriminalização do aborto, a união entre pessoas do mesmo sexo e a ideia de impedir a ostentação de símbolos religiosos .
A CNBB reafirma sua posição muitas vezes manifestada em defesa da vida e da família e contrária a descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos.
A nota assinada pelos bispos diz que o programa tem propostas que banalizam a vida e (…) corre o risco de reacender conflitos sociais já pacificados com a lei de anistia. Estas propostas constituem, portanto, ameaça à própria paz social.
Vannuchi ouve queixas de secretário-geral da CNBB
Por determinação do presidente Lula, esse ponto será revisto. Sobre outras mudanças, serão necessárias consultas com os movimentos
Em Brasília, o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, reuniu-se com integrantes da CNBB e ouviu queixas do secretário-geral da entidade, dom Dimas Lara Barbosa, sobre alguns pontos do programa de direitos humanos. A CNBB pediu revisão não só do artigo que trata do aborto mas também a exclusão do decreto da proibição de símbolos religiosos e a retirada da permissão de adoção de crianças por casais homossexuais.
Vannuchi disse à CNBB que a defesa da descriminalização do aborto será extraída do programa, mas não deu a mesma garantia sobre os outros pedidos.
– Por determinação do presidente Lula , esse ponto será revisto. Sobre outras mudanças, serão necessárias consultas com os movimentos. Não pode parecer uma posição unilateral.
Dom Dimas disse a Vannuchi que o governo errou ao tratar de variados assuntos. Sobre a proibição de símbolos religiosos, ele afirmou que, em muitos locais públicos, o crucifixo nem deveria estar lá.
– Há cortes judiciais e casas legislativas onde imperam a iniquidade que a afronta é ao crucifixo – disse dom Dimas, que considera a proibição intolerância religiosa.
Vannuchi disse não acreditar que o Congresso aprovará a criação da Comissão Nacional da Verdade , que levantará informações sobre excessos do regime militar.
– Dificilmente será aprovado este ano. Mas espero que não leve quinze anos, como algumas propostas que defendemos.