Bizeh: seguimos renovando os seus sonhos

bizeh

Este mês, se estivesse viva, a fundadora do Inesc, Maria José Jaime, a Bizeh, faria 72 anos. Sonhadora, Bizeh sempre acreditou que um mundo melhor era possível e colocou sua vida a serviço do Brasil. Sua aposta na constituição de instituições democráticas refletiu em toda a trajetória do Inesc.

Bizeh, ao lado de Betinho, se torna uma figura simbólica na luta pela nova constituinte, travada há 25 anos. Em pouco tempo, de assessoria parlamentar, o Inesc passa a ser uma instituição que visa a garantia dos direitos humanos.

A fortaleza política de Bizeh espelhou as ações do Inesc, que passou a priorizar alicerces como participação popular, controle social da aplicação de recursos públicos e defesa da igualdade.

 Outubro, para nós que fazemos parte da equipe do Inesc, sempre é um mês de comemoração. De lembrar as raízes das lutas de Bizeh e renovar nossas forças para continuar nessa busca por um mundo melhor.

Acesse aqui para saber mais sobre Bizeh

Vale muito assistir ao vídeo sobre a Bizeh

Em homenagem,

Equipe do Inesc

Maria José Jaime, conhecida como Bizeh, fundou o Inesc em 1979, com o apoio de alguns amigos.

Maria José Jaime, conhecida como Bizeh, fundou o Inesc em 1979, com o apoio de alguns amigos e amigas. A ideia surgiu logo depois que ela voltou do exílio e decidiu que iria continuar atuando na área político-social, no entanto fora de partidos políticos. Bizeh, depois de ver a precariedade que existia em termos de assessoria para deputados e senadores do campo popular dentro do Congresso Nacional, teve a iniciativa de criar uma entidade que prestasse esse tipo de assessoramento. O estatuto do Inesc foi registrado em agosto de 1979, exatamente no mês da Anistia.

Com o passar dos anos, o Inesc deixou de ser uma instituição de assessoria parlamentar e conquistou lugar cativo na luta pelos direitos humanos, pela construção de processos realmente democráticos, pela ampliação da participação popular nas decisões políticas (tanto em âmbito nacional como internacional), no controle social da aplicação dos recursos públicos, na defesa da reforma agrária, da igualdade de gênero, no combate ao racismo e a homofobia e todas as formas de desigualdades e, principalmente, na construção de uma sociedade igualitária, realmente democrática, na qual o ser humano é visto como parte integrante da natureza e não o todo poderoso que a domina. Confira aqui como o Instituto atua nos dias de hoje.

Bizeh  foi uma militante de esquerda que teve intensa participação na vida política do país. Com origem em uma família tradicional de Goiás, ela começou a fazer política em Goiânia no movimento de jovens católicos, quando conheceu Betinho e outras lideranças que, em seguida, organizaram a Ação Popular (AP) – um dos mais importantes ramos da árvore genealógica da esquerda brasileira.

Sua agitada vida política foi combinada com conhecimentos da área de história e geográfica, além de uma  formação sobre economia brasileira. Ela também teve oportunidade de fazer pós-graduação na Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, mas não conseguiu finalizar porque tinha um trabalho intenso na assessoria da presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE). Depois do golpe de 1964, faz a nova tentativa, desta vez com êxito, de prosseguir seus estudos acadêmicos, com especialização em história do Brasil, na USP. Bizeh consegue concluir o curso, mas decide abandonar a possibilidade de uma carreira acadêmica pela luta política. A esta altura, a situação estava radicalizada pelo aniquilamento total das liberdades. Durante o período de exílio na Argentina, realizou o curso de mestrado em Ciências Sociais pela Flacso.

O período do exílio que marca a clandestinidade de 1966 (a maioria da esquerda vai para a clandestinidade após o AI 5 editado em 1968) até a prescrição de sua pena pelo Superior Tribunal Federal, em outubro de 1978 foi o mais marcante e dramático de sua militância. Nessa época, ela teve que enfrentar de tudo: trabalho político em condições adversas, treinamento militar na China, amigos mortos, presos e desaparecidos, discriminação sexual, divisões políticas fratricidas, exílio errante pelo Chile, Peru e Argentina, duas tentativas de sequestro por grupo paramilitar do delegado Sérgio Fleury, prisão, saúde física e mental abaladas, entre outros desconfortos.

Sempre foi uma defensora dos direitos humanos e participou das principais lutas e campanhas em favor da liberdade, da justiça e da dignidade humana. Desde cedo colocou o Inesc a debater e a abrigar temas inovadores na agenda dos direitos humanos. Denunciou o processo de criminalização dos movimentos e lideranças da luta pelo direito à terra e dos movimentos indígenas e indigenistas. Foi fundadora e diretora da Associação Brasileira de OnGs (Abong). Bizeh também foi uma figura importante no movimento Diretas Já e no processo de elaboração da atual Constituição do país, nos quais a equipe do Inesc participou ativamente.

Em 2002, ela solicitou sua saída do Instituto para realizar outros projetos pessoais. Em 2005, ela recebeu a notícia de que estava com um câncer no ovário. Em decorrência da doença, em  novembro de 2007, ela faleceu. Assista ao vídeo com a história da Bizeh

(Com auxílio de informações da Revista Pauta, veículo produzido pelo Inesc em comemoração aos 20 anos de existência)

Assista ao vídeo com a história da Bizeh

Revista Pauta

A Revista Pauta, editada pelo Inesc em 1999, tem como principal destaque uma entrevista com a fundadora da instituição, Maria José Jaime, a Bizeh, falecida em 2007. A Revista apresenta textos de vários articulistas, como Jorge Durão, Sônia Corrêa, Atila Roque, Paulo Sérgio Pinheiro, Luiz Eduardo Wanderley, Pedro Wilson Guimarães, Betty Mindlin, José Geraldo de Souza Jr., João Gilberto Lucas Coelho, Roberto da Matta, José Murilo de Carvalho e Ivônio Barros Nunes. A publicação foi lançada para comemorar os 20 anos do Inesc.

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