Dependência econômica é o motor da violência

Pesquisa recente confirma que a dependência econômica das mulheres continua sendo o principal fator para o não rompimento de relações violentas

 

Na América Latina mulheres ainda se submetem à violência por dependência econômica. Essa é a conclusão do estudo realizado por uma organização não governamental publicado em julho.

O estudo intitulado “Um Lugar no Mundo” analisa a questão da violência contra a mulher no Brasil, na Argentina e na Colômbia. Segundo o relatório 24% das mulheres entrevistadas no Brasil, que sofrem com a violência doméstica, não se separam porque não têm como se sustentar.

A situação se repete em toda América Latina, mas no Brasil a situação é ainda mais dramática. Uma em cada quatro brasileiras sofre com a violência doméstica. Estudos recentes revelaram que 10 mulheres são assassinadas por dia e que a cada 15 segundos, uma mulher sofre algum tipo de violência no País.

Se considerarmos que a violência contra mulheres, em mais de 90% casos é cometida dentro de casa, a dependência feminina se confirma como o motor da violência, criando as condições para a perpetuação dessa violência. As vítimas acabam se submetendo aos maus-tratos porque não dispõem de condições financeiras para sobreviver sem a ajuda dos companheiros, maridos e namorados.

De acordo com o estudo, “falta de acesso a uma moradia adequada, incluindo refúgios para mulheres que sofrem maus-tratos, impede que as vítimas possam escapar de seus agressores”. Portanto, “a dependência econômica aparece como a primeira causa mencionada pelas mulheres dos três países como o principal obstáculo para romper uma relação violenta”.

Outra pesquisa realizada no ano passado sobre o mesmo assunto destacou ainda que as mulheres não deixam os agressores pelo medo de serem mortas, caso rompam a relação. O que se agrava diante da dependência econômica, visto que sem ter para onde ir e sem o apoio do Estado essas mulheres não encontram outra saída senão se submeterem à violência.

A pesquisa confirma que apesar de ter-se divulgado no último período um crescimento no número de mulheres consideradas chefes de família, ou no número de mulheres que passaram a trabalhar fora de casa, o trabalho doméstico, informal, ou menos remunerado continua sendo o trabalho desempenhado e reservado para as mulheres na sociedade. O que reforça a insegurança econômica e de maneira mais geral a vulnerabilidade das mulheres diante da violência doméstica.

Sem contar que não existe isonomia salarial, então mesmo quando não estão num estado de total dependência recebem salários inferiores, mesmo cumprindo a mesma função. Além disso, em tempos de crise econômica as mulheres são as mais afetadas pelo desemprego, retiradas de direitos etc.

A luta pelo fim da violência contra mulheres passa pela luta geral das mulheres por direitos democráticos, igualdade jurídica, garantias legais para isonomia salarial, oportunidade de trabalho e educação.

fonte: http://www.pco.org.br/conoticias – Causa Operária

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