O estado de Pernambuco registrou 141 casos de microcefalia desde o início de 2015. No ano passado, foram apenas 12 casos. Foram identificados ainda 21 casos no Rio Grande do Norte e nove casos na Paraíba (além de seis outros que ainda estão sendo investigados nesse estado).
Segundo o Ministério da Saúde, esse aumento é inédito e não há relatos na literatura científica de outros casos. Suspeita-se que o vírus tenha causado a microcefalia, o que ainda não foi confirmado cientificamente.
A microcefalia pode ocorrer devido a síndromes genéticas, exposição a substâncias tóxicas, consumo de drogas, alcoolismo materno ou infecções congênitas, como citomegalovírus, toxoplasmose, rubéola e varicela. Quando causada por quadros infecciosos, a alteração é agravada pela destruição do tecido cerebral e por calcificações em uma parte específica do cérebro, os ventrículos.
No entanto, não se sabe ao certo se os casos diagnosticados são de microcefalia tal como os médicos a conhecem. Segundo médicos da Universidade Federal da Bahia, os casos mais recentes vem apresentando complicações mais severas do que as observadas nos outros casos de microcefalia.
Segundo o Portal do programa Bem Estar, em 90% dos casos a microcefalia vem associada a um atraso no desenvolvimento neurológico, psíquico e/ou motor. O tipo e o nível de gravidade da sequela variam caso a caso, e em alguns casos a inteligência da criança não é afetada. Déficit cognitivo, visual ou auditivo e epilepsia são alguns problemas que podem aparecer nas crianças com microcefalia.
Não existe tratamento capaz de reverter a microcefalia, tampouco um meio de evitar a contaminação do feto no caso de um vírus como, suspeita-se, é o que acontece com o zika. As crianças nessa condição precisam do acompanhamento com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e pediatra desde os primeiros meses de vida, um esforço médico conjunto que nem sempre é acessível nos serviço público de saúde.
As tarefas de cuidado das crianças nessas condições geralmente fica a cargo das mulheres (mães, avós, tias). A notícia de que muitos homens tem abandonado as mulheres cujos bebês são diagnosticados com a doença demonstra como nossa sociedade patriarcal continua a relegar às mulheres as dificuldades da criação de filhos nessas condições. Os homens, além de abandonar a família, culpam as mulheres pela ocorrência da doença.