Dilma diz que governo deve encarar aborto como "problema de saúde pública"

Do R7

Candidata do PT afirmou que hospitais públicos devem atender mulheres de maneira digna

Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (22), durante sabatina do R7, que o aborto deve ser encarado como um “problema de saúde pública” e que o Estado deve oferecer atendimento às mulheres, independente da situação.

– Tem uma questão que está ligada à saúde pública. No Brasil, milhares de mulheres, independente do que a gente pense [sobre o assunto], por algum motivo, provocam aborto e correm risco de vida imenso, buscam o hospital para fazer curetagem.

A candidata do PT afirmou também que, pessoalmente, nenhuma mulher deve ser a favor do procedimento. Ela defendeu que nenhuma política deve incentivar a prática, mas que o Estado precisa oferecer atendimento digno aos casos em que o aborto está previsto em lei.

– Admito [o aborto] nos casos legais. E você não pode condenar as mulheres de classe baixa, que elas sejam deixadas sem atendimento. Não concordo, em nenhuma política que diga que é para fazer aborto. Quando se fala que é uma política de saúde publica, o Estado tem que prover o atendimento.

Dilma afirmou ainda que, se eleita, não vai discutir com a lei.

– Espero que seja eleita, não debato com a lei, cumpro a lei.

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Assessor de Lula busca aproximar Dilma de católicos

Bispo recomendou voto contra Dilma por posição do PT favorável ao aborto. Gilberto Carvalho vai promover encontros reservados com clero.

Da Agência Estado

Preocupado com a disseminação de rumores que têm criado mal-estar entre religiosos e a candidata do PT, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, um ex-seminarista, para aproximar a petista da Igreja Católica. Lula quer evitar que Dilma seja carimbada como defensora do aborto e ganhe a antipatia de bispos e padres. Carvalho já tem acompanhado a ex-ministra da Casa Civil em visitas a igrejas, mas vai reforçar o trabalho, promovendo encontros reservados para ela.

Em duas entrevistas concedidas na quinta-feira (22), Dilma destacou que nunca pregou o aborto. Foi uma resposta ao bispo de Guarulhos (SP), dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que em artigo no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), intitulado “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, defendeu o boicote à candidatura de Dilma por considerar que o PT é a favor da interrupção da gravidez.

Dilma disse admitir o aborto nos casos previstos em lei, como em gravidez resultante de estupro. Destacou, no entanto, que o Estado não pode deixar mulheres com menor poder aquisitivo utilizarem métodos medievais para pôr fim à gestação. “”O aborto é uma violência contra o corpo da mulher. Agora, tanto eu como o presidente Lula reconhecemos que é uma questão de saúde pública.”

 

———————————— Dilma diz a bispo que aborto é questão de saúde pública

(23/7/2010)

 

Agência Estado

ANNE WARTH

A candidata da PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, respondeu hoje a um artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assinado por d. Luiz Gonzada Bergonzini, bispo de Guarulhos, na Grande São Paulo, recomendando o boicote à candidatura dela por causa da defesa do aborto nos casos permitidos por lei. Em entrevista à rádio Marano, de Garanhuns (PE), concedida hoje de manhã, Dilma avaliou que o aborto não deve ser tratado como uma questão religiosa, mas de saúde pública.

O texto do bispo, intitulado Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, foi publicado na segunda-feira, mas não está mais disponível para leitura no site da CNBB. No artigo, d. Luiz diz não pertencer a nenhum partido, mas ressalta que, como bispo, denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus, como o suicídio, o homicídio, assim como o aborto, pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender.

Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto, diz o texto. Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não deem seu voto à senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais liberações, independentemente do partido a que pertençam.

Na entrevista, Dilma afirmou que a posição de d. Luiz não representava a da CNBB como um todo. Até onde eu sei não é a posição da CNBB, disse. Ela defendeu que o governo cumpra a lei e faça o procedimento em estabelecimento de saúde públicos nos casos estabelecidos por lei – estupro e risco de morte para a mãe.

O que nós defendemos é o cumprimento estrito da lei, que prevê casos em que o aborto deve ser feito e provido pelo Estado, afirmou a petista, ressaltando que mulheres com melhores condições fazem abortos em clínicas, enquanto as menos favorecidas acabam recorrendo a técnicas perigosas, como o uso de agulhas de tricô.

Não conheço nenhuma mulher que ache aborto uma coisa maravilhosa. Não se deve tratar a questão como religiosa, mas de saúde pública, afirmou. (O bispo) parte de pressuposto incorreto. Tanto eu quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não somos pessoas que acham que o aborto é algo para se falar que se defende. O aborto é uma violência contra corpo de mulher, disse a candidata.

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