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Uma pesquisa realizada pela Regus, fornecedora de soluções para o espaço de trabalho, com profissionais de mais de 10 mil empresas do mundo inteiro entre agosto e setembro de 2010 mostra que a quantidade de organizações que pretendem contratar mulheres com filhos caiu em um quinto em relação ao mesmo período do ano passado. O estudo identificou, também, que os empregadores se preocupam com a possibilidade de as funcionárias tirarem licença-maternidade para dar à luz outro filho e de ficarem desatualizadas profissionalmente.
No ano passado, 44% das empresas analisadas pretendiam contratar profissionais com filhos, mas agora, no início de 2011, somente 36% das firmas continuam pensando da mesma maneira. No Brasil, onde 57% das empresas pretendem aumentar seu pessoal, a inclinação a não contratar mulheres com filhos é ainda mais evidente, com somente 38% das empresas declarando seus planos de empregá-las.
Funcionárias e mães: por que não?
O relatório da Regus revela os receios dos empregadores do mundo todo em relação à contratação de funcionárias que já são mães: elas podem mostrar menos comprometimento e flexibilidade do que os demais funcionários (37%), deixar o emprego logo após o treinamento para terem outro filho (33%) ou estarem desatualizadas na sua área de atuação (24%). No Brasil, os chefes estão preocupados principalmente com a possibilidade de as mulheres tirarem licença-maternidade (39%) e de estarem desatualizadas profissionalmente (29%).
Por outro lado, grande parte das empresas valoriza o retorno dessas profissionais ao emprego – prova disso é que 56% das empresas consideram que as profissionais com filhos possuem habilidades difíceis de serem encontradas no mercado de trabalho neste momento.
Além disso, 57% declararam que valorizam as profissionais que voltam ao trabalho após o período da licença-maternidade porque elas costumam oferecer experiência e bom conjunto de habilidades sem exigir uma faixa salarial muito alta.
No Brasil, a parcela de mulheres com filhos que não exige grandes salários esteve abaixo da média global (47%), o que pode indicar que essas profissionais têm mais chances de serem bem remuneradas pelo seu trabalho.
“Não deveria ser surpresa constatar que, no atual cenário da economia, ainda existem alguns preconceitos em relação à mulher, e que algumas empresas dão contribuições negativas e antiquadas ao mercado de trabalho. Enquanto a maioria das empresas concorda no fato de que fechar as portas para as profissionais com filhos significa descartar um pessoal extremamente valioso, ainda existe muita preocupação em relação aos compromissos familiares, em como eles podem desviar a atenção e o comprometimento dessa colaboradora”, analisa Janaína Nascimento, diretora da Regus no Brasil.
“Conforme o mercado de trabalho evolui, é possível reconhecer que as empresas que conseguem integrar esses valiosos ativos, as mães, agregam também uma maior chance de êxito no seu respectivo setor. Além disso, os custos com maternidade no Brasil são extremamente baixos: 1,83% do custo da mão de obra. Não à toa (e felizmente), acordos de trabalho flexíveis estão se tornando cada vez mais comuns. Reconhecer que as necessidades das profissionais com filhos não são excepcionais e estender isso a todos os colaboradores é, certamente, sinônimo de maior produtividade e benefícios na redução de custos indiretos, além de motivar muito mais todas as equipes”, finaliza a executiva.