LETÍCIA SORG – Revista Época<
As mulheres são parlamentares mais eficientes do que os homens, pelo menos no Congresso americano, segundo um estudo que vai ser publicado no American Journal of Political Science. A pesquisa comparou o desempenho de legisladores e legisladoras entre 1984 e 2004 e descobriu que as mulheres:
– conseguiram mais verba para os seus estados – US$ 49 milhões a mais por ano;
– propuseram mais leis – e leis mais populares;
– apoiaram mais leis;
– conseguiram mais apoio dos colegas do que eles.
A conclusão dos autores do estudo, o professor Christopher Berry, da Universidade de Chicago, e a aluna Sarah Anzia, de Stanford, é que as habilidades das parlamentares para “negociação, definição de agenda, coalizão e tomada de decisão” eram responsáveis por essa diferença marcante de desempenho.
Mas antes de achar que este é mais um post ingênuo defendendo a superioridade feminina, leia até o fim.
O resultado da pesquisa não quer dizer que as mulheres são melhores do que os homens na política. Não? Não. Só quer dizer que as poucas mulheres que lá estavam eram melhores do que os seus colegas. Tinham que ser melhores porque só assim conseguiriam eleger-se. A resistência dos eleitores é grande: segundo as pesquisas de opinião, um em cada cinco americanos admite abertamente que não votaria numa mulher para a presidência. O resultado é que hoje menos de 20% dos assentos do Congresso americano são ocupados por mulheres. Apenas as mega-ultra-híper-master-capacitadas e talentosas acabam chegando lá.
Por aqui, temos nossa primeira presidenta, mas menos de 10% das vagas do Congresso são ocupadas por mulheres. Não tenho ideia da produtividade de nossas parlamentares, mas diante dos resultados da pesquisa americana, digo: um desempenho acima da média dos colegas não é motivo de comemoração.
Só significa que elas precisam fazer um esforço muito maior do que eles para convencer o mesmo número de eleitores.