Rafael Sampaio e Luísa Ferreira, do R7
Carreira de pedagogia é a mais procurada; ministério se preocupa com qualidade
O número de cursos a distância oferecidos no Brasil cresceu quase 20 vezes entre 2002 e 2009, saltando de 46 graduações abertas para 844 no mesmo intervalo. Em porcentagem, o “boom” representa 1.834% de crescimento em sete anos
As universidades, faculdades e outras instituições de ensino particular respondem pela maior oferta, segundo informações do MEC (Ministério da Educação), tendo reunido 444 cursos ou 52% do total da oferta em 2009. Os dados são do Censo do Ensino Superior, divulgados pelo ministério.
A procura dos estudantes pelo modelo de ensino também cresceu muito em sete anos – subiu de 40,7 mil matrículas, em 2002, para 838,1 mil em 2009, um aumento de 2.059%.
Em 2008, 727,9 mil universitários se matricularam em cursos a distância, o que significa crescimento de 15% no número de alunos em apenas dois anos, em comparação com 2009.
A formação a distância atrai principalmente estudantes em busca de carreiras que formem professores – o curso de pedagogia lidera a preferência, com 286,7 mil matrículas ou 34,2% do total nesta modalidade. Na sequência vem administração, serviço social e letras, entre as carreiras mais procuradas.
Cuidado
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que os estudantes devem tomar cuidado com a modalidade de ensino a distância, que é muito nova no Brasil. É necessário checar a qualidade dos cursos e a estrutura das salas usadas para as aulas presenciais – as leis brasileiras exigem que pelo menos uma parte do período de aulas seja dada presencialmente.
O ministério pode restringir a oferta de vagas e a criação de cursos se forem encontrados problemas.
– Quando você identifica uma certa deficiência no curso, você restringe a oferta. No limite, [você] suspende o processo seletivo. No ano passado, nós descredenciamos uma universidade inteira que atuava com educação a distância no curso de pedagogia.
A oferta de educação a distância ainda é muito incipiente, na opinião do ministro.
– Há países em que 50% das matrículas são feitas em cursos a distância. No Brasil, esse número equivale a 14%. Então nós temos espaço para expandir, mas expandir com critérios de qualidade.
O modelo adotado em nível federal, chamado de UAB (Universidade Aberta do Brasil), é um exemplo a ser seguido, afirma Haddad. O Plano Nacional de Educação, divulgado em dezembro de 2010 e que tramita no Congresso, já citava a UAB como referência em educação a distância. O texto vê a modalidade como uma alternativa para formar mais professores.
*Colaborou Renan Ramalho, do R7 em Brasília
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Mulheres são maioria nas universidades do país
Elas prestam vestibular aos 19 anos, mas se matriculam apenas aos 21, em média
Renan Ramalho, do R7, em Brasília
A porcentagem de mulheres é maior do que a de homens nas universidades brasileiras há pelo menos seis anos, segundo dados do Censo do Ensino Superior, divulgados pelo MEC (Ministério da Educação) nesta terça-feira (13). Em 2009, elas ocupadam 55,1% das matrículas no ensino superior, contra 44,9% deles.
Em números absolutos, as mulheres respondem por 2,8 milhões das matrículas em cursos presenciais, contra 2,3 milhões de homens. Essa proporção muda pouco desde 2004, quando o MEC começou a realizar o censo. A pesquisa coletou dados de 2 milhões de alunos em todo o país.
O sexo feminino também supera o masculino na conclusão dos cursos. Em 2009, as mulheres foram 58,8% do total de estudantes formados por faculdades, contra 41,2% dos homens. As duas estatísticas se mantiveram praticamente inalteradas nesses anos e levam em conta cursos presenciais e à distância.
Na graduação, a pesquisa também mostrou que, em média, elas fazem o vestibular aos 19 anos. A matrícula nas universidades, em geral, ocorre somente aos 21, e o término do curso ocorre aos 23 anos de idade, em média.
Sudeste
O Sudeste também é a região que mais abriga estudantes universitários. Os Estados da região concentram 49,2% ou 2,5 milhões do total de matrículas no ensino superior.
Se levadas em conta as matrículas em instituições particulares de ensino, a diferença é ainda maior: 55,5% das vagas ocupadas estão no Sudeste, 16,1% no Sul, 14,8% no Nordeste, 8,8% no Centro-Oeste e só 4,9% no Norte.
A proporção com relação ao sexo se mantém na região – as mulheres respondem por 54,4% das matrículas no Sudeste, sendo 1,4 milhões de universitárias. Já os homens respondem por 1,1 milhões de vagas preenchidas no ensino superior da região, ou 45,6% do total de 2,5 milhões de estudantes.