DF: Gestantes dão à luz no Gama após dificuldades no hospital de Santa Maria

Mara Puljiz – Correio Braziliense

Contratação de mais funcionários para o centro clínico administrado pela Real Sociedade Espanhola depende da Câmara Legislativa

Em meio às dificuldades enfrentadas pelo Hospital Regional de Santa Maria, ao menos a história de uma gestante teve um final feliz. Às 11h30 desta sexta-feira, a dona de casa Andrea Natal de Jesus, 24 anos, deu à luz a pequena Jussara. A criança nasceu com 4,1 quilos e 50cm de parto normal, segundo o hospital. “Eu achava que ela não ia nascer. Minha curiosidade maior era saber como a minha filha seria”, desabafou a mãe, que na última quarta-feira voltou para casa com dores e sem atendimento médico. O nascimento ocorreu no Centro Obstétrico do Hospital Regional do Gama (HRG), ao lado de outras 25 grávidas.

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A pequena Jussara nasceu com 4,1 quilos depois de dias de agonia da mãe, Andrea de Jesus


A caçula dos quatro filhos de Andrea era esperada desde domingo, quando ela começou a sentir contrações e fortes dores na barriga. Ela procurou primeiro a unidade de saúde do Gama e foi informada que estava com 2cm de dilatação — segundo os médicos, eram necessários pelo menos 4cm para a internação. Andrea, então, voltou para casa. Mas as dores persistiram, e, dias depois, ela caminhou durante uma hora por cerca de 4km para chegar ao Hospital Regional de Santa Maria. Foi atendida por uma ginecologista, que não fez exames detalhados.

Suada, ofegante e sem tirar a mão da barriga, a dona de casa deixou o Centro Obstétrico frustrada e preocupada. Andrea sofre de hipertensão e eclampsia, uma complicação da gravidez caracterizada por convulsões. E foi com pressão alta que ela deu entrada na madrugada de ontem no HRG. Nem passou pelo hospital de Santa Maria, administrado pela Real Sociedade Espanhola Beneficência, autorizada a continuar a prestação dos serviços por mais 90 dias. “Não dormi direito nestas últimas noites de tanta dor, mas, depois que peguei minha filha no colo, esqueci todo o sofrimento”, disse. Ainda na maternidade, Jussara recebeu mimos da tia, Nayane Araújo da Silva, 16 anos, grávida de três meses, e da prima Linda Inês, também 16.

Sobrecarga
A diretora-geral do HRG, Lucilene Florêncio de Queiroz, disse que mãe e filha estão bem de saúde. Jussara fez o teste do pezinho ao nascer — o exame é capaz de identificar 21 patologias logo nas primeiras horas de vida do bebê. “Não houve nenhuma intercorrência na hora do parto, apesar de estarmos dando suporte para o hospital de Santa Maria. Neste momento de definição, o serviço sobrecarregou, mas estamos fazendo o melhor”, disse. De terça a quinta-feira, o HRG realizou 73 partos. A média antes da construção da unidade de Santa Maria era de 800 partos por mês, mas a demanda acabou reduzida para 500 por conta da inauguração do centro clínico de Santa Maria.

Andrea é mãe de outras duas meninas, uma de 7 anos e outra de 10. A terceira filha morreu em 2008, após o nascimento. Andrea nasceu em Simolândia (GO) e veio para o DF para realizar o parto. Enquanto isso, a jovem está na casa do irmão, na QR 308 de Santa Maria. Divide a modesta casa com outras 10 pessoas, entre adultos e crianças. “Eu sei que vai ser difícil, mas vou fazer de tudo para criá-los com dignidade e dar a eles o estudo que eu não tive”, afirmou.


AUXÍLIO

Quem quiser ajudar Andrea com fraldas, brinquedos, roupas ou mantimentos pode ligar para ela no 8637-5788. Ainda nesta semana, a jovem estará morando na QR 308, Conjunto H, Casa 38, em Santa Maria.

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