Cecília Lopes e Thássia Alves – Da Secretaria de Comunicação da UnB
Claudio Armond empurrou aluna durante manifestação do Fora Arruda. Nomeação causou revolta no movimento estudantil da UnB
O governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz vai exonerar o coronel Cláudio Armond da função de diretor da Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade). Ele agrediu com um empurrão uma estudante da Universidade de Brasília durante o movimento “Fora Arruda”, em janeiro do ano passado. Com a queda, a jovem, que prefere não ter o nome revelado, teve uma fratura no punho. O processo está sendo investigado pelo Tribunal de Justiça do DF.
A nomeação de Cláudio Armond foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal de 13 de janeiro. Procurada pela reportagem da UnB Agência na tarde desta quarta-feira, a Secretaria de Comunicação do GDF respondeu com uma nota afirmando que o policial foi reconduzido à função, que já exercia no governo anterior, apenas para evitar a interrupção dos serviços do Ciade, responsável pelo atendimento à população. O secretário de Segurança Pública, Daniel Lorenz, não conhecia o histórico do policial. “O oficial não permanecerá na cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal do atual governo”, diz a nota.
A nomeação do coronel causou revolta entre os estudantes da UnB. “Isso não faz nenhum sentido. A gente espera que alguém qualificado ocupe um cargo importante como esse”, disse a aluna agredida. Raul Cardoso, integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), conta que Armond era responsável por ações truculentas quando havia manifestações do movimento Fora Arruda em frente à Câmara Legislativa. “Essa foi uma das indicações mais sem sentido que esse governo já fez. Além das agressões, ele é uma pessoa envolvida com o governo Arruda”, afirmou.
Investigação da Corregedoria da Polícia Militar constatou indício de crime. O Ministério Público acolheu o processo e encaminhou para o Tribunal de Justiça. A ação está na 21ª Vara da Auditoria Militar do DF, ainda sem decisão. O julgamento será conduzido pela juíza Maria Ivatônia Barbosa dos Santos, que está de férias e só retorna no final de janeiro.
Gilson dos Santos, advogado do movimento Fora Arruda, acredita que o coronel será expulso da PM. “Parece-me que só falta a decisão da juíza. Acredito que haverá condenação”, disse.
Ele também esclarece que a estudante desistiu da ação. “O processo agora é do Estado contra ele. Ela não tem mais nada a ver com isso”. A estudante e o policial chegaram a se encontrar em uma audiência. Na ocasião, o coronel pediu desculpas à jovem e afirmou que estava nervoso na hora da manifestação. Ele classificou o ato como “impulsivo”. “Depois que nos encontramos, fiquei com pena dele. Mas até lá, me senti muito ofendida.”
ÍNTEGRA DA NOTA DO GDF “O Coronel Cláudio Armond já estava no cargo comissionado da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal antes do governo Agnelo Queiroz, ou seja, vem do quadro da gestão anterior. Ele apenas foi reconduzido à função temporariamente para evitar a interrupção nos serviços prestados à comunidade, já que o secretário de Segurança Pública, Daniel Lorenz, não havia tido tempo hábil para a nomeação de um novo servidor para preencher a vaga. O novo secretário de Segurança não tinha conhecimento do histórico do oficial. Essa renomeação não foi a única no GDF. Diversas pessoas, em áreas prioritárias de governo, como também Educação e Saúde, tiveram de ser reconduzidas aos seus cargos para não criar um vazio administrativo. Já que, em primeiro de janeiro deste ano, o governador Agnelo Queiroz assinou decreto exonerando todos os 18.500 funcionários comissionados. |