Tiago Faria – Correio Braziliense
Ela transita à vontade nas trilhas da web e adora a reação dos internautas
A pernambucana Lulina ainda se sente desconfortável no mercado da MPB. É um território que, para a cantora de 31 anos, provoca certo estranhamento. “No início da carreira, eu não vislumbrava um plano de virar artista convencional. Sempre tratei a arte de forma muito pessoal”, conta. Muito antes de lançar o primeiro disco por uma gravadora (Cristalina, de 2009), Luciana Lins já havia encontrado um pouso agradável: transformou a internet numa extensão da própria casa, onde grava muitas das músicas que escreve.
Em redes sociais, blogs e numa “cidade virtual” (a Lulilândia), ela trafega naturalmente nas trilhas tecnológicas da web. No show de estreia em Brasília, amanhã, no Centro Cultural Banco do Brasil, esperaconhecer pessoalmente os fãs mais íntimos, com quem se comunica na rede de computadores. “É o momento do cara a cara”, explica, com voz miúda, hesitante, que não oculta a timidez nem o leve sotaque de Pernambuco.
Para a cantora, que mora em São Paulo há cinco anos, não há fortuna que pague as reações calorosas dos internautas. “No Natal, gravei um disco em casa e lancei na web. É como eu me comunico, compensa demais”, afirma.
A familiaridade com esses apetrechos “linkou” Lulina ao projeto Sai da rede, que está em cena no CCBB. A série de shows, que segue até 23 de janeiro, apresenta uma geração de artistas que se habituou a usar a internet para a produção, difusão e comercialização de seus projetos.
Tão híbrida quanto, a sonoridade de Lulina fica a meio caminho entre o experimentalismo e a doçura, com um olhar surreal para situações do cotidiano. “Procuro não pensar muito quando estou no palco. Subo e canto, vou fazendo. Com o tempo, fui perdendo a timidez. No estúdio, incluí barulhos de ventilador, de cachorro latindo, tudo para não perder a essência da minha música”, conta. Tudo para cumprir o objetivo principal de uma arte sem formalidades: que o público sinta-se em casa.