Do G1 SP
Agressão ocorreu em um McDonald’s de Taboão da Serra, na Grande SP. Segundo delegado, agressores devem responder por lesão corporal dolosa.
Mulher agredida em lanchonete da Grande São
Paulo teve escoriações no rosto e dedo quebrado
(Foto: Arquivo pessoal)
Dois homens e uma mulher identificados como autores de uma agressão a um casal de lésbicas dentro de uma unidade da rede McDonald’s, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, nesta segunda-feira (10), negaram em depoimento à Polícia Civil que houve motivação homofóbica. De acordo com o delegado Gilson Campinas, titular do 1º Distrito Policial da cidade, os suspeitos assumiram a agressão, mas disseram que ela ocorreu após uma confusão na fila.
“As meninas [vítimas] entendem que a agressão teria sido gratuita em razão da opção [sexual] delas. Mas os outros, não. Dizem que foi um desentendimento, que não teria nada a ver com outra conotação. Seria um problema na fila. Depois, uma das meninas teria mandado um beijo para um rapaz com a namorada. É algo que precisa ser confirmado com os funcionários do McDonald’s”, afirmou o delegado na manhã desta quinta-feira (13).
Segundo Campinas, os três suspeitos foram ouvidos nesta quarta-feira (12). Eles foram encontrados depois que a investigação identificou o dono do carro usado no dia da agressão. O veículo já havia sido vendido para um dos suspeitos, que foi localizado. Após o depoimento, eles foram liberados.
Como a polícia recebeu duas versões para o fato, o delegado aguarda os depoimentos dos funcionários do McDonald’s – que devem ser iniciados nesta quinta – e das duas jovens agredidas, que estão viajando. Entretanto, as duas partes confirmam que houve agressão. Por isso, os suspeitos deverão responder pelo menos por lesão corporal dolosa.
“Estamos checando. Independente de qualquer coisa, o fato de um homem agredir uma mulher é aviltante. Se houve outra conotação, isso a gente ainda vai ver”, explicou o delegado.
Versão das vítimas
A artesã Patrícia Odinéia Garcia, de 32 anos, uma das agredidas, negou nesta quinta que a confusão tenha se iniciado na fila. “A gente já estava sentada quando começou a agressão, não houve contato físico na fila”, afirmou ela. “Ninguém mandou beijo, como vai mandar beijo, se de onde a gente estava não tinha campo visual?”, indagou ela.
Na terça-feira (11), em entrevista ao G1, a artesã contou que os agressores gritavam xingamentos como “sapatão” enquanto davam socos e pontapés nas vítimas. Patrícia conta que, primeiro, uma mulher se aproximou e agrediu uma das homossexuais. Ao tentar impedir a agressão, ela diz que foi empurrada e viu dois homens também começarem a bater.
“Levei um murro e desmaiei. Acordei enquanto ainda apanhava e desmaiei de novo”, relembra a vítima, que teve cortes no rosto e quebrou o dedo mindinho da mão direita.
A Polícia Civil chegou a ir até a lanchonete logo após as agressões, mas encontrou o lugar limpo e organizado, o que compromete a perícia. Em nota, o McDonald’s afirmou que “repudia qualquer atitude dessa natureza e colaborou com as autoridades na disponibilização de detalhes sobre o fato”.