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Por trás do roteiro de filmes como De pernas pro ar– o atual sucesso das telas nacionais – e Divã – tanto o texto quanto o espetáculo teatral -, existe um homem: Marcelo Saback. Autor, ator, diretor e músico, esse baiano de 49 anos, criado em Brasília e morador do Rio de Janeiro há 22, tem diversificado seu trabalho nas várias mídias, sempre deixando sua marca.
Ainda adolescente, em Brasília, apresentou-se com Oswaldo Montenegro e Zélia Duncan. Mais tarde, já formado em Artes Cênicas, trabalhou com Dulcina de Moraes em vários espetáculos, não só atuando, mas também escrevendo e dirigindo.
No Rio, dirigiu várias peças, de tema adulto e também infantil, e foi indicado a diversos prêmios Shell e Moliére. Na TV, fez participações em novelas e dirigiu Chico Total nos anos 90. Como roteirista, escreveu para os humorísticos Sai de Baixo, Vida ao Vivo e Sob Nova Direção, este último com Ingrid Guimarães e Heloísa Perissé. Foi também coladorador na primeira temporada deTudo Junto e Misturado.
Em abril, estreia série de Tv Divã, que Saback roteirizou, assim como os homônimos longa-metragem dirigido por José Alvarenga e a peça de teatro, dirigida por Ernesto Piccolo – todos estrelados por Lília Cabral.
Saback falou ao Mulher 7×7 sobre seu trabalho junto ao universo feminino.
A que você atribui o rápido sucesso de De pernas pro ar?
É sempre um conjunto de coisas: desde o argumento ao tratamento final e lançamento de um novo projeto na praça. De Pernas pra o ar era uma idéia ótima, mas que facilmente poderia se transformar em um projeto de humor e gosto duvidosos, por conta da temática (sexo) sempre muito delicada. Acho que conseguimos (não só roteiro, mas elenco, produção, direção enfim…) construir um filme que aguça a curiosidade sobre o tema sem perder a natural “elegância” que uma boa comedia romântica deve ter em sua narrativa. Dessa forma, creio, atingimos um público maior, melhor e positivamente, certeiro.
É difícil escrever sobre o universo feminino?
Não acho não (risos). Não que seja mais fácil ou difícil, mas é bem mais rico. O universo feminino é sempre mais interessante, instigante, questionador… Aí a gente pode tudo! Por que as mulheres se permitem mais a tudo. Têm muito mais questões pra resolver, administrar, descobrir ou usufruir, não é verdade? Sempre! Bem resolvidas ou não, são sempre fonte muito mais inspiradora. Eu gosto muito. Personagens femininos são meus preferidos.
Você fez o roteiro de Divã para o teatro e para o cinema. E tem um tom ainda mais intimista. Qual o segredo?
Pois é… Nem eu mesmo sei responder isso! (risos) Quando escrevi Divã, li uma critica que dizia “não parecer ter sido escrito por um roteirista homem”. Pra mim foi um elogio… (risos) Bem… A base do questionamento veio de uma mulher, da Martha Medeiros. Mas de toda forma, agora estou me exercitando mais ainda escrevendo a serie pra TV. Sou muito observador, na verdade. Venho de uma família com muitas mulheres fortes, irmãs e mãe poetas, escritoras, compositoras… Sempre fui cercado de mulheres sensíveis e fortes ao mesmo tempo. Acho que isso me ajudou e ajuda um pouco… Não a entender as mulheres (quem me dera!), mas a perceber um pouquinho mais de perto onde estão seus “questionamentos”.
Adaptar o livro da Martha Medeiros duas vezes ensinou a você muita coisa sobre as mulheres?
Adoro a Martha como escritora. Leio às vezes seu blog, coluna e crônicas aqui e ali. E li também Doidas e Santas. Mas sem dúvida me ensinou, sim. Principalmente na redação, mais do que nas historias. Sua leveza e naturalidade são admiráveis. Foi um superexercício escrever uma peça, um filme (e agora uma série) tentando dar continuidade ao tom que ela usa com maestria. É delicado, é feminino, é profundo e eu, como homem, muitas vezes tive que parar e pensar. “ôpa… uma mulher não pensa assim, não questiona dessa forma nem fala dessa forma…” E reescrever tudo de novo! Um bom exercício…
Vc tem outros trabalhos ligados ao universo feminino?
Sim… Como eu disse, gosto de passear por aí. Mesmo quando não protagonizam o que escrevo, têm presença marcante. Quando tenho liberdade de criação e um personagem é mais questionador, expressivo, ou mesmo limítrofe de alguma forma, em geral faço desse personagem uma mulher.
Para escrever o roteiro de De pernas pro ar, você conversou muito com a Erica Rimbalde e outras mulheres que trabalham com produtos eróticos? De onde saíram suas informações?
Em De Pernas pra o Ar, faço uma dupla com Paulo Cursino. Grande companheiro de trabalho já. Juntos, nos divertimos muito imaginando algumas situações, por conta própria mesmo! (risos) Mas obviamente, nem eu nem ele somos mulheres. E é certo que a Érica nos ensinou bastante. O que um homem deseja pra uma mulher em uma sexshop não é, necessariamente, o que as mulheres desejam pra elas mesmas. O jeito foi fazer pesquisa… A história emocional, as referências e tudo o mais, veio da nossa cabeça e vivência pessoal mesmo. Tem sempre uma pitada ou outra do criador nas criações… (é o que dizem… risos)
O que você diria sobre a atuação da Ingrid?
Maravilhosa! Quando o projeto chegou às minhas mãos, Ingrid já era consenso geral. Fiquei bem satisfeito. Já a dirigi no teatro (Cócegas) e na televisão. Ainda na televisão (tanto eu quanto Paulo), já havíamos escrito pra ela. Ele ainda escreve. Então foi bem mais tranqüilo. Somos amigos. Conhecendo a embocadura da atriz, o trabalho além de mais prazeroso, fica mais fácil.
O que querem as mulheres, afinal?
Essa não é outra série? (risos) Quem sou eu pra responder isso! Mas enquanto estivermos em busca da resposta, mais histórias teremos pra contar!