Natasha Pitts *
Adital – O número de feminicídios cresceu quase 20% na Argentina neste último ano. A informação foi divulgada dentro do relatório de investigação anual do Observatório de Feminicídios na Argentina da Sociedade Civil Adriana Marisel Zambrano, lançado nesta quarta-feira (1). Os dados, retirados da Agência Nacional de Noticias da República Argentina (Telam), Agência Diários e Noticias (DyN) e de mais 120 periódicos, dizem respeito ao período de 1º de janeiro a 31 de outubro de 2010.
As informações colhidas não são motivo de orgulho, mas precisam ser divulgadas. Valeria, Graciela, Lidia, Laura, Silvia, Cecilia, Ángela, Alejandra, Dominga e Rossana são apenas algumas das 206 mulheres que foram vitimadas por homens que acreditavam ser donos da vida e do destino de suas esposas, namoradas ou filhas.
O relatório também mostra que 12 homens e meninos perderam a vida em casos chamados de “feminicídios vinculados”. A terminação se divide em duas categorias e define os casos em que pessoas foram mortas para causar sofrimento em uma mulher, ou ainda porque tentaram impedir uma agressão ou feminicídio.
A capital argentina, Buenos Aires, lidera a quantidade de casos. Nos 10 primeiros meses deste ano, 72 mulheres foram mortas na cidade. Em Córdoba (19) também se registrou um grande números de casos de feminicídio, assim como em Santa Fé (13), Misiones (10) e Entre Rios (9).
Por meio de uma pesquisa detalhada em meios de comunicação nacional e regional, foi possível detalhar a idade das vítimas. O relatório comprova que nem mesmo as meninas nos primeiros anos de vida foram poupadas. Há dois casos de feminicídio com vítimas com idade entre zero e um ano. Contudo, são as mulheres com idade entre 19 e 30 anos as principais vítimas (74 casos). Além deste grupo, as faixa etárias que vão de 31 a 50 anos (63 casos) e de 51 a 65 anos (24 anos) também estão na mira de agressores.
A idade destes agressores não segue uma lógica diferente. De acordo com o relatório da Sociedade Civil Adriana Marisel Zambrano, 78 tinham idade entre 31 e 50 anos, 66 tinham entre 19 e 30 anos e 26 agressores se encaixam na faixa etária de 51 a 65 anos. 25 acusados de feminicídio não tiveram a idade registrada.
É importante destacar que a maior parte destes homens tinha vínculos fortes com as mulheres que assassinaram, visto que 76 deles eram esposos, companheiros ou namorados. Aqueles que não tinham mais ligação afetiva com as vítimas (ex-esposos, ex-companheiros e ex-namorados) estão no segundo grupo mais numeroso (62). 26 agressores eram vizinhos ou conhecidos das mulheres que assassinaram.
Esses agressores tiveram, em sua maior parte, o auxílio de uma arma de fogo para executar suas vítimas, já que, de acordo com o relatório, 56 mulheres morreram baleadas. Outras 41 foram apunhaladas, 38 morreram espancadas, 21 degoladas e mais 21 estranguladas. Incineração, asfixia, afogamento, envenenamento e esquartejamento foram outros tipos de crueldades cometidas contra mulheres.
Por meio dos dados do relatório é possível compreender que a violência contra a mulher ainda está longe de cessar. Justamente por este motivo, precisam ainda ser impulsionadas campanhas de prevenção e de conscientização para o fim a violência de gênero.
* Jornalista da Adital