Agência Senado
A fim de combater o “bullying homofóbico” (perseguição contra homossexuais nas escolas, Célio da Cunha, consultor da Unesco para a área da Educação, propõe a inclusão do assunto no projeto pedagógico desses estabelecimentos. Uma das medidas a serem adotadas, segundo ele, seria a fixação de metas para a erradicação de qualquer forma de discriminação e violência nas escolas.
Essa foi uma das sugestões feitas nesta quarta-feira (24) durante audiência pública realizada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado (CE). A audiência foi solicitada pela senadora Fátima Cleide (PT-RO) e ocorreu dez dias após um grupo de cinco jovens – quatro deles menores de idade – agredirem três rapazes na cidade de São Paulo em suposto ato de homofobia.
O diretor da organização não-governamental Pathfinder Brasil, Carlos Laudari, também defendeu ações para conscientizar alunos, professores e diretores de escolas sobre a discriminação e a violência contra homossexuais. A Pathfinder foi uma das entidades que promoveu o projeto Escola sem Homofobia.
– Vocês não têm idéia do que é o bullying homofóbico nas escolas brasileiras. Nós ouvimos histórias de degradação moral de crianças de sete e oito anos, pelo simples fato de falarem fininho e de modo afeminado – contou.
Carlos Laudari ressaltou que um dos problemas é o despreparo dos professores – que em certos casos seriam, eles próprios, os praticantes do bullying. Laudari disse ainda que muitas escolas públicas não seguem as orientações dos órgãos governamentais no sentido de combater essa prática.
Ao reiterar a necessidade de conscientização, Beto de Jesus, secretário da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) para a Região Sudeste, lembrou os resultados de uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). De acordo com esse levantamento, feito com 500 escolas no ano passado, 26,6% dos alunos entrevistados concordaram com a afirmação “Eu não aceito a homossexualidade”; 25,2% concordaram com “Pessoas homossexuais não são confiáveis”; 23,2% com “A homossexualidade é uma doença”; 21,1% com “Os alunos homossexuais não são alunos normais”; e 17,7% com “Os alunos homossexuais deveriam estudar em salas separadas”.
– Nós estamos em 2010. E essa é a fotografia da escola – protestou ele.
Ricardo Koiti Koshimizu / Agência Senado