A Campanha Ponto Final na Violência contra as Mulheres e Meninas está divulgando nota de repúdio e denúncia sobre um caso de agressão ocorrido durante os jogos universitários realizados no campus de Assis da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara, no interior de São Paulo. Na ocasião, um grupo de estudantes teria agredido e humilhado alunas em um jogo batizado de “rodeio das gordas”. A “brincadeira”, criada para ridicularizar mulheres obesas, consistia em se aproximar de uma garota, de como em uma paquera, dizer “Você é a menina mais gorda que eu já vi”, agarrá-la e tentar ficar sobre elas o máximo de tempo possível. O “jogo” foi divulgado em site de relacionamento. A Universidade deu início a processo disciplinar e a promotora de Justiça em Araraquara, Noemi Correa, abriu inquérito sobre o caso. Segundo ela, os responsáveis podem ser penalizados por violência física, psicológica, assédio moral e crimes de discriminação e preconceito. No documento – confira abaixo – a Ponto Final, da qual são parceiras a Rede Feminista de Saúde, que coordena nacionalmente, e o Observatório pela Implementação da Lei Maria da Penha, manifesta apoio às providências da promotora Noemi Correa. Para a Campanha “Estas manifestações são consideradas inaceitáveis, revelam padrões culturais identificados com a intolerância social e a valorização de modelos únicos de beleza. Propõem a inibição social de jovens e mulheres adultas, produzindo prejuízos à sua identidade e afirmação social”.
Nota Pública
Discriminação é uma forma de violência contra as mulheres
O Caso da Unesp (Araraquara, SP)
Entre as muitas manifestações de violência contra as mulheres, a humilhação, a depreciação e menos valia em razão de aparência estão entre as mais freqüentes, porém menos reconhecidas. No entanto, a violência simbólica produz estigmas, sendo uma forma de discriminação há muito considerada pela Convenção pelo Fim da Todas as Formas de Discriminação a Mulher (1984), Convenção de Belém do Pará (1995) e pela Lei Maria da Penha (2006), como violação de direitos humanos, devendo ser denunciada, enfrentada e eliminada.
Neste sentido, Campanha Ponto Final na Violência Contra as Mulheres e Meninas, da qual são parceiras a Rede Feminista de Saúde, que coordena nacionalmente, e o Observatório pela Implementação da Lei Maria da Penha, vem a público para denunciar e reprovar a realização do que ficou conhecido como ” rodeio de gordas” no interior de São Paulo, e apoiar as providencias da promotora Noemi Correa, de Araraquara. A promotora quer a apuração de uma “competição” organizada por um grupo de alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e que foi batizada de “Rodeio das Gordas”.
Estas manifestações são consideradas inaceitáveis, revelam padrões culturais identificados com a intolerância social e a valorização de modelos únicos de beleza. Propõem a inibição social de jovens e mulheres adultas, produzindo prejuízos à sua identidade e afirmação social. Não faz muito, outra universidade paulista foi palco de deploráveis cenas de discriminação de uma jovem por usar uma saia considerada por alguns colegas como curta demais. Razão pela qual foram condenados pela opinião publica nacional e também pela justiça.
Para que este tipo de manifestação seja repudiado e condenado pela sociedade e estes jovens tomem consciência de que suas atitudes afrontam a Lei Maria da Penha e violam o direito humano a uma identidade livre de coerção e escárnio, defendemos a aplicação da Lei e de medidas disciplinares por parte da Unesp. É sim, intolerável que uma instituição de ensino permita que tais manifestações venham a ocorrer em suas dependências ou se tornem públicas por seus alunos sem que haja medidas adequadas, no sentido educativo.
É o que esperamos e pelo que estaremos vigilantes e lutando.
Pelo fim da violência contra as mulheres. Pela aplicação da Lei Maria da Penha
CAMPANHA PONTO FINAL NA VIOLENCIA CONTRA MULHERES E MENINAS
Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
Observatório Nacional pela Implementação da Lei Maria da Penha
Porto Alegre, Salvador, 29 de outubro de 2010
Vera Daisy Barcellos – Jorn.Prof. 3.804
Assessoria de Imprensa da Rede Feminista de Saúde