Roteiros Feministas: "Lisboa também é das mulheres"

Esquerda.net

Esta quinta-feira é apresentado no Salão Nobre da Câmara de Lisboa, às 19h, o livro 4 Roteiros Feministas – histórias e sugestões de roteiros, mas com uma “lupa especial”, a que mostra o lado feminista da cidade.

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A zona da Graça é uma colinas percorridas em “4 Roteiros Feministas”. Foto Gustty/Flickr

Elina Guimarães, feminista portuguesa, ainda “muito jovem”, recusou-se a recitar o poema “A minha boneca”, de Júlio Dantas. A boneca era Elina. São histórias como esta que se lêem em 4 Roteiros Feministas, volume I.

O livro resulta numa espécie de guia, escrito e editado pela União de Mulheres Alternativa (UMAR) e pela equipa de investigação Faces de Eva, da Universidade Nova de Lisboa, poderá depois ser encomendado no site da UMAR.

O livro quer “recuperar e tornar visível a voz e o protagonismo das mulheres nas suas trajectórias individuais e lutas colectivas, contribuindo para a construção da memória histórica dos feminismos”, diz a UMAR. Um livro que, segundo a co-autora Manuela Góis, “fazia falta porque não havia um olhar feminista sobre Lisboa e porque a História tradicional torna invisível o papel das mulheres”, cita o jornal Público.

Num primeiro volume, os autores ficaram-se apenas por duas colinas: a da Graça – visitada nos roteiros 1 e 2 -, e a das Chagas, “a que se vê do miradouro da Graça”, para os roteiros 3 e 4. Cada roteiro demora entre 90 e 120 minutos, a pé, já com paragens incluídas. Os locais, divididos por zonas, vão sendo apresentados com as suas histórias e personagens e por isso os percursos não são temáticos – são as histórias que os constróiem.

Embora a I República seja privilegiada neste primeiro volume, o que se compreende, estando nós no ano de comemoração do centenário da República, também têm voz o antes e o depois da mudança de regime ocorrido em 1910, incluindo as lutas durante o Estado Novo e mesmo o período pós-revolução.

“Desde os finais do século XIX que se desenvolveram lutas reivindicativas e a cidade está cheia de marcas a que queremos dar valor e continuidade”, afirma Manuela Góis.

Segundo adianta o Público, a equipa de 11 autores/as vai pedir à Câmara de Lisboa que coloque placas evocativas nos lugares que integram os quatro percursos, para facilitar as visitas, e tenciona dar continuidade ao projecto, com a edição de novos volumes.

Os roteiros que se seguem

“Existem muitos outros locais a que queremos dar visibilidade noutros roteiros”, diz Manuela Góis. “Queremos abranger zonas como São Bento, Estrela, Campo de Ourique, Alcântara. E depois outras ainda. Queremos assinalar, por exemplo, o Parque Eduardo VII, por causa da manifestação em que mulheres feministas foram molestadas por uma turba de machistas.”

Com estes roteiros, a UMAR pretende perpetuar a memória das feministas que passaram por Lisboa ou que, de alguma forma, a marcaram.

Ao mesmo jornal, Manuela Góis sublinha nºao há uma hierarquia nas mulheres lembradas nos roteiros: “Todas foram muito importantes.” E deixa um aviso: “Os roteiros estão sempre em actualização, porque as pessoas que querem fazer desta cidade uma cidade de justiça social e de igualdade continuam na rua. Os roteiros estão sempre incompletos, têm sempre de ser completados e redignificados.”

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