Gilberto Dimenstein
A discussão sobre o direito ao aborto não é um debate sério, mas apenas uma baixaria eleitoral contra Dilma Rousseff. É uma baixaria com o auxílio de José Serra que, como sabemos, apenas não fala o que pensa. E até de Marina Silva, cuja formação religiosa faz com que ela tenha um lado contemporâneo ligado a questões da sustentabilidade convivendo com uma visão atrasada – e aí entra o debate sobre homossexuais e célula-tronco.
As declarações de Dilma sobre o aborto foram sensatas e responsáveis. Na minha visão, favoráveis ao interesse da mulher e da saúde pública. Ela simplesmente disse que, apesar de ser contra o aborto, constatava que centenas de milhares de mulheres eram obrigadas a praticá-lo da pior forma possível. E o menos ruim seria ajudá-las a ter um atendimento humano, apoiadas pelo poder público.
De resto, essa é uma questão que, nem de longe, está no topo da agenda do país. Ou seja, toda a polêmica foi inflada aqui, maldosamente por muitos, apenas para virar votos.
Isso é o que dá quando tentam misturar religião e política.