Dos 796 milhões de analfabetos no mundo, dois terços são mulheres, diz Unesco

Renata Giraldi – Repórter da Agência Brasil

Brasília – Das 796 milhões de pessoas apontadas como analfabetas no mundo, dois terços (cerca de 530 milhões) são mulheres. Os dados são da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Na tentativa de buscar alternativas para melhorar esses números e redefinir metas, especialistas se reúnem de amanhã (9) até sábado (11), em Atenas, no fórum Igualdade e Gênero: Um Elo perdido?.

Pelos estudos, os analfabetos também são os mais atingidos por problemas causados pela fome e por crises econômicas. O fórum discutirá o assunto em quatro mesas de debate. Em uma delas, o tema é O Papel Estratégico da Igualdade de Gênero para o Desenvolvimento, na outra discussão, o assunto será Mulheres: Vítimas de Violência, ou Arquitetas da Paz?.

Na terceira mesa de debates, o tema será A Igualdade de Gênero e os Desafios Ambientais e na quarta e última sessão, o assunto será O Papel da Unesco Como um Promotor da Mudança por Meio da Educação, Ciência, Cultura, Comunicação e Informação.

No Brasil, a taxa de analfabetismo caiu 1,8 ponto percentual nos últimos cinco anos e registrou 9,7% em 2009. Na Região Nordeste, reconhecida historicamente por ter o maior número de iletrados do país, a taxa caiu de 22,4% (2004) para 18,7% (2009). A informação foi divulgada hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que contabilizou 14,1 milhões de pessoas que não sabiam ler ou escrever em 2009.

A pesquisa mostrou ainda que houve um aumento do nível de escolaridade no Brasil em todas as regiões do país. Os indicadores mostraram que a proporção de crianças de 6 a 14 anos que frequentava a escola foi maior do que 96%. Entre a população com 10 anos ou mais, o tempo de estudo médio chegou a 7,2 anos. Esse tempo representa um aumento de 0,6 ano na média registrada em 2004.

Edição: Lílian Beraldo

 

8 de Setembro – Dia Internacional da Alfabetização

literacy day animation

Em 2010, o tema Alfabetização e o Poder das Mulheres, a discussão pública e o lançamento de uma nova Rede de Alfabetização da UNESCO são os destaques das celebrações do Dia Internacional da Alfabetização, em 08 de setembro.

Mensagem da Diretora Geral da UNESCO, Irina Bokova, por ocasião do Dia Internacional da Alfabetização, 8 de Setembro de 2010.

Quando uma mulher é alfabetizada, ela pode fazer escolhas para melhorar significativamente sua vida. Mas, 10 anos depois do Século 21, dois de cada três do total de 759 milhões de analfabetos adultos no mundo são mulheres. Esta é uma situação intolerável que reflete uma das injustiças mais persistentes dos nossos tempos: a desigualdade no acesso à educação.

Não há justificativa – seja ela cultural, econômica ou social – para negar educação a meninas e mulheres. É um direito básico e uma condição absoluta para atingir todos os objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente. O analfabetismo mantém as mulheres marginalizadas e constitui um dos principais obstáculos para a redução da pobreza extrema em um mundo movido a tecnologia, onde ler, escrever e saber contar é indispensável para desfrutar de direitos e oportunidades básicos.

Por todos esses motivos, o Dia Internacional da Alfabetização este ano focaliza o papel altamente significativo que a alfabetização tem para aumentar a autonomia da mulher.

Adquirir habilidade alfabética proporciona à mulher uma sensação de autoconfiança e controle sobre sua vida e seu futuro. O empoderamento da mulher se refere a adquirir o conhecimento para tomar decisões informadas e compartilhar o poder no seu lar e na vida política. As declarações de mulheres recém-alfabetizadas são prova da transformação de longo alcance que os novos conhecimentos e habilidades têm em todos os aspetos de suas vidas.

Como a primeira mulher eleita para o posto de Diretor-Geral da UNESCO, dedico-me profundamente a fazer avançar os direitos das meninas e mulheres de todas as partes do mundo, especialmente por meio da educação. A igualdade de gênero é uma das nossas prioridades estratégicas globais, porque não pode haver desenvolvimento sustentável quando as mulheres não desfrutam de direitos e oportunidades iguais.

Investir na alfabetização de mulheres tem retornos muito altos: melhora a renda, leva a melhor saúde materno-infantil e favorece o acesso à educação de meninas. Em resumo, mulheres recém-alfabetizadas têm um efeito cascata positivo em todos os indicadores de desenvolvimento.

Este dia internacional almeja mobilizar a atenção de todos para a urgente necessidade de maior comprometimento com a alfabetização, especialmente para meninas e mulheres. Os Prêmios de Alfabetização Internacional da UNESCO servem de exemplos inspiradores e criativos de programas que tiveram um profundo impacto nas pessoas e em suas comunidades. Eles mostram o que funciona e quão bem funcionam.

Nesta última década a diferença entre os gêneros na educação tem diminuído em vários países. A igualdade de gênero na alfabetização também tem melhorado, mas tudo isso em passos muito lentos. Muito ainda há a ser feito.

Eu aproveito esta ocasião para convidar os governos, organizações internacionais, a sociedade civil e o setor privado a expandir seu apoio à alfabetização. Estou confiante que existe o ímpeto para tornar a alfabetização da mulher uma prioridade: vimos nos últimos meses uma oportunidade para acelerar os avanços na direção da igualdade de gêneros com a criação da UN Women (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento da Mulher). 

A alfabetização dá às mulheres uma voz – nas suas famílias, na vida política e no cenário mundial. É um primeiro passo em direção à liberdade pessoal e à maior prosperidade. Quando as mulheres são alfabetizadas, a sociedade inteira lucra.

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