Agência Brasil
Brasília – O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, condenou hoje (7) a interferência da comunidade internacional a favor da viúva iraniana condenada à morte por apedrejamento. Mehmanparast disse que o caso de Sakineh Mohammad Ashtiani, de 43 anos, não é uma questão de direitos humanos. Segundo ele, as acusações de assassinato e adultério não podem ser incluídas na lista de crimes de violação de direitos humanos.
As informações são da agência BBC Brasil. “A proteção de um indivíduo que é acusado de assassinato – assassinato e adultério são os dois principais crimes cometidos por esta mulher – não deve se tornar uma questão de direitos humanos”, disse o porta-voz. “Infelizmente [os países] estão defendendo uma pessoa que está sendo julgada por assassinato e adultério”.
Inconformado com as manifestações de vários países em favor de Sakineh, inclusive do Brasil, Mehmanparast sugeriu que ocorra uma troca entre condenados nos países que se envolveram no assunto da viúva.
“Se a libertação de todas as pessoas que cometeram assassinato é exigida sob o pretexto de proteger os direitos humanos, então todos os países europeus podem trocar entre si listas de pessoas detidas por assassinato em seus países de origem e soltar todos os assassinos”, disse o porta-voz.
Sakineh, 43 anos, foi condenada à morte por apedrejamento sob a acusação de adultério e a dez anos de prisão por cumplicidade no assassinato de seu marido. Segundo as autoridades iranianas, ela participou do assassinato do marido e depois manteve relações sexuais com dois homens. A viúva negou as acusações.
Recentemente, Sakineh, mãe de dois filhos, recebeu uma nova pena: 99 chibatadas por ter sua foto publicada no jornal inglês The Times. Na foto publicada a mulher que aparece sem o véu é chamada de Sakineh.
Em entrevista coletiva hoje, o porta-voz iraniano disse que a condenação por apedrejamento está sob revisão da Suprema Corte do Irã. Mesmo que a corte suspenda o apedrejamento, Sakineh ainda pode ser condenada à morte por enforcamento ou à prisão perpétua.
Para o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, a condenação de Sakineh é “bárbara” e “injustificada”. Segundo ele, os direitos humanos não são negociáveis. “Isto é bárbaro além do que palavras podem expressar. Na Europa, condenamos tais atos que não têm justificativa sob qualquer código moral ou religioso”, disse ele.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a oferecer asilo para sakineh no Brasil. Mas a oferta foi rechaçada pelo governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
Edição: Rivadavia Severo