Vinicius Sassine – Correio Braziliense
Cerca de 1.500 mulheres morrem todos os anos no parto ou em problemas decorrentes dele, número idêntico ao da década passada. Nova série do Correio conta as histórias que as estatísticas ignoram: como é a vida dos filhos após a tragédia
Arquivo Pessoal Chu Ting teve hemorragia e morreu após o parto: duas horas para tentar reanimá-la
Jorge nasceu há dez dias, tem uma irmã de 9 anos e já está em casa. Já Bruno tem dois meses e meio de vida, um irmão adolescente e um quarto decorado, organizado cuidadosamente pela mãe. Amylee, por sua vez, nasceu miudinha, chegou a sofrer uma parada respiratória e precisou ficar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 10 dias seguidos. A menina, filha única, se recuperou e, cinco meses após o nascimento, tem boa saúde, apesar da necessidade de acompanhamento médico. Os três bebês voltaram para casa pelas mãos da avó, do avô ou do pai. As mães morreram após o parto.
O que silenciosamente se passa nas maternidades brasileiras — em especial nas unidades que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) — converteu-se numa tragédia contínua, que não arrefece ao longo dos anos. As gestantes correm riscos reais de morte, num país que não conseguiu reduzir os índices de mortalidade materna na última década. Oficialmente, cerca de 1,5 mil mulheres morrem todos os anos no Brasil por complicações na gestação, no parto ou em até 42 dias após o nascimento do filho. É a quantidade de mortes registrada pelo Ministério da Saúde em 2009, mesmo número de registros em 1996, 13 anos atrás.
A redução da mortalidade materna é um dos objetivos de desenvolvimento do milênio (ODMs) acertados entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU), a exemplo do que fizeram outros 190 países. A meta estabelecida é diminuir em três quartos a chamada razão da mortalidade materna, que é a proporção entre óbitos e 100 mil nascidos vivos, até 2015. O governo calculou que em 1990 essa razão era de 140 mortes de mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. Nos próximos cinco anos, essa razão deve chegar a 35. Estamos longe: em 2007, foram registradas 75 mortes.
O mais provável é que o Brasil não consiga cumprir o ODM da mortalidade materna. É o objetivo mais difícil de ser atingido entre os oito estabelecidos, e provavelmente a meta fique pelo caminho, como reconhecem setores do governo e da própria ONU.
A gravidade do problema aparece em todos os dados oficiais da mortalidade materna no Brasil e, principalmente, na soma de tragédias particulares, enfrentadas por pais, avós e pequenos órfãos de mulheres que estiveram bem próximas de exercer a maternidade. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) considera como tolerável uma taxa de mortalidade materna de 20 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. O índice no Brasil é quase quatro vezes maior. A redução que o governo brasileiro sustenta ter provocado nos casos de mortalidade materna é controversa. Até porque há dados contraditórios dentro do próprio Ministério da Saúde.
Fator de ajuste
O último relatório sobre o acompanhamento do cumprimento dos ODMs no país foi divulgado em março deste ano e traz a informação sobre a redução pela metade da mortalidade materna no Brasil. Eram 140 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos em 1990 e 75 em 2007. Os números foram calculados pelo Ministério da Saúde. O próprio ministério, porém, tem outros dados. Segundo os dados da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa), a taxa de mortalidade era de 51,6 em 1996 — no relatório oficial sobre os ODMs, são 112,5 óbitos —, cresceu ao longo dos anos e chegou a 77,2 em 2006.
A contradição é explicada pela aplicação de um fator de ajuste, que busca corrigir a subnotificação. Nos dados do relatório oficial sobre o cumprimento dos ODMs, esse fator teria sido de 2, ou seja, para cada morte registrada nos hospitais, outro óbito deixava de ser notificado, o que passou a ser corrigido pelo fator de ajuste. A Ripsa usou um fator de 1,4, calculado a partir de 2000. “Não havia sistema de informação no Brasil em 1990. A razão de 140 mortes naquele ano não foi cabalística”, justifica o médico Adson França, do Ministério da Saúde, coordenador nacional do pacto pela redução da mortalidade materna e responsável pelo cumprimento dos ODMs na área de saúde.
Os números absolutos de óbitos maternos, atualizados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, mostram que a quantidade de mortes não diminuiu ao longo dos anos, mesmo a partir de 2004, quando as notificações passaram a ser obrigatórias e novas regras foram definidas para combater a mortalidade materna. É uma situação distinta do que ocorreu com a mortalidade infantil — a taxa era de 53,7 óbitos por mil nascidos vivos em 1990 e caiu para 22,8 em 2008. A meta para 2015, de 17,9, muito provavelmente, será atingida.
Em números absolutos, as mortes de crianças com menos de um ano de idade caíram de 75 mil em 1996 para 41,1 mil no ano passado, segundo os dados do SIM. O Brasil já cumpriu as metas de redução da extrema pobreza e da fome, com sete anos de antecedência.
A permanência dos índices de mortalidade materna ao longo dos anos — ao contrário do que acontece com a mortalidade infantil, a pobreza e a desnutrição — é ainda mais grave porque entre 90% e 98% das mortes são evitáveis, segundo profissionais de saúde que atuam nos comitês de redução da mortalidade materna, ouvidos pelo Correio. A reportagem levantou 11 casos de mulheres que morreram no parto ou logo depois do nascimento dos filhos e, em quase todos, familiares relatam descaso no atendimento médico, peregrinação por unidades de saúde ou diagnósticos equivocados sobre a gravidade do estado de saúde das pacientes.
Os casos de mortalidade materna são tratados com discrição pelo Ministério da Saúde e sob o mais absoluto sigilo pelos comitês estaduais e municipais de redução da mortalidade. Mesmo assim, o Correio identificou, no Distrito Federal, em Curitiba (PR), em Recife (PE), em Porto Alegre (RS) e em João Pessoa (PB), mulheres que morreram pouco depois de ser mães. Essas histórias serão contadas em uma série de três reportagens.
O NÚMERO
140 mortes
Número de óbitos de mães a cada 100 mil nascidos vivos era assustador em 1990, segundo dados do governo. A redução da mortalidade materna é um dos objetivos do milênio acertados com a ONU
Os sonhos interrompidos no hospital
A médica chinesa Chu Ya Ting, de 35 anos, atendia comunidades carentes em Planaltina (DF) pelo Programa Saúde da Família (PSF). Encontrava na medicina uma forma de ajudar as pessoas. Chu chegou ao Brasil com dois anos de idade, formou-se no Rio de Janeiro, passou a viver em Planaltina com o homem que conheceu ainda nos primeiros meses de faculdade, José Carlos Natal Filho, também médico, diretor de Atenção à Saúde do Hospital Regional de Planaltina. Grávida pela segunda vez, a médica decidiu ter o filho no hospital universitário onde estudou com o marido, no Rio de Janeiro. Jorge Chu nasceu, mas José Carlos ainda não voltou do Rio. Chu teve ruptura uterina, forte hemorragia e morreu após uma tentativa de reanimação que durou duas horas e meia, logo depois do parto, no ú
ltimo dia 24.
“Foi uma fatalidade. Ela provavelmente já tinha um problema antigo”, diz o marido da médica. José Carlos conta que o parto foi normal, por escolha de Chu e dos médicos do hospital para onde a gestante foi levada. A mãe chegou a ver o filho, por pouco tempo, e logo precisou de atendimento médico. Morreu nas horas seguintes ao nascimento de Jorge. “Vou honrar o nome dela cuidando dos meus filhos”, afirma José Carlos, que também é pai de Jade, 9 anos.
Até os três meses de idade, o bebê será cuidado pelo avô paterno, no Rio de Janeiro. “Vou ter de assumir toda a responsabilidade pelos dois filhos”, relata o pai das crianças. José Carlos não sabe como vai ser daqui para frente. “Em princípio, devo retornar a Planaltina.” (VS)
“Vou honrar o nome dela cuidando dos meus filhos”
José Carlos Natal Filho, marido de Chu Ya Ting, que morreu logo depois do parto
O início de uma dor sem fim
Vanessa chegou a ver a filha, mas não conseguiu amamentá-la. Recebeu alta e teve de voltar ao hospital. Não resistiu, estava com infecção generalizada
Vinicius Sassine – Correio Braziliense
Arquivo Pessoal |
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Vanessa, quando estava grávida: os médicos diagnosticaram uma alergia |
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Depois que Amylee nasceu, a mãe, Vanessa Cristina do Nascimento, 22 anos, ainda tentou amamentá-la. Mãe e filha ficaram separadas após o nascimento. Vanessa permaneceu internada no hospital onde foi feito o parto, em Curitiba (PR). Amylee acabou transferida para uma unidade de saúde que faz atendimentos a crianças que correm risco de morte. Dois dias depois do nascimento de Amylee, ainda com dores, febre e dificuldades para andar, Vanessa recebeu alta para amamentar a filha. “Ela chegou a tentar, mas não conseguiu”, conta o padeiro Everton Rubens Torquatto, 26 anos, pai da criança.
Desde junho do ano passado, quando engravidou de novo, Vanessa realizou todos os procedimentos indicados para uma gestante. “Ela fez todo o pré-natal. Eu participei de todas as consultas”, diz Everton.
A internação para o parto ficou agendada para 30 de março, no mesmo hospital onde a futura mãe havia feito as consultas e exames. Everton e Vanessa chegaram no fim da tarde e foram informados de que precisariam retornar na manhã seguinte. “Ela já sentia muita dor. Voltamos às 6 horas do dia seguinte, e a partir daí começou o sofrimento”, relata Everton. O casal ficou no hospital até as 23 horas, quando só então teve início o parto.
“Minha filha ficou tempo demais na barriga da mãe.” Amylee nasceu e foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de outro hospital. A mãe recebeu alta dois dias depois, para amamentar a filha, mas precisou voltar por causa de sua debilidade física. Não foi internada no mesmo dia — “Os médicos diagnosticaram uma alergia” — e, na terceira vez em que procurou o hospital, foi direto para a UTI. O quadro era de infecção generalizada, provocada por “restos de placenta no útero”, segundo Everton. Útero e ovários foram retirados. Vanessa morreu sete dias depois do parto.
Quadros de infecção — alguns deles relacionados a abortos provocados — estão entre as principais razões de mortalidade materna. Mas são os casos de eclâmpsia e pré-eclâmpsia, decorrentes principalmente da hipertensão arterial, que mais matam mulheres prestes a ser mães. Os médicos vêm notando também um aumento da influência de doenças cardiovasculares na mortalidade materna.
“A maioria das mulheres é pobre, tem baixa escolaridade e quase 100% são usuárias do SUS”, ressalta a médica Sandra Valongueiro, coordenadora do grupo técnico do comitê de mortalidade materna de Pernambuco e pesquisadora de Medicina Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Essas mulheres não estão morrendo em casa, nem com parteiras. Morrem dentro dos hospitais.”
No atestado de óbito de Luiza Cláudia Carvalho Rabelo, 34, eclâmpsia é a causa da morte apontada. Luiza morreu logo após o nascimento de Bruno Nascimento, em junho deste ano. “Estou arrebentado”, diz o pai do bebê, Alessandro Rabelo. Luiza foi atendida na fase pré-natal em um hospital em Sobradinho, onde vive a família, mas se internou para ter o filho no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Faltou assistência médica, segundo a mãe de Alessandro, Maria Eustáquio Rabelo, 62 anos, que acompanhou a nora no hospital. “Ela ficou sozinha na sala de parto.” Após o nascimento do filho, Luiza foi levada para a UTI, onde morreu dois dias depois.
“Dei a mão a ela, ela estava feliz, rindo, conversando com todo mundo”, diz Maria. “Era a vida dela: ter outro filho era seu sonho.” Yago, o primeiro filho, de 14 anos, não toca no assunto sobre a morte da mãe. É apegado a Bruno e já brinca com o bebê. “O quarto do Bruno está do jeito que ela montou”, relata a ex-sogra.
Quem é responsável?
O fato de o Brasil ter lançado somente em 2004 um pacto pela redução da mortalidade materna, somado ao maior número de registros de óbitos que antes eram ignorados pelos hospitais, explica a manutenção dos altos índices de mortalidade nos últimos dez anos, segundo o Ministério da Saúde. “Esse é um processo em construção, e o marco é o ano de 2004”, afirma o médico Adson França, assessor especial do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e coordenador nacional do pacto pela redução da mortalidade materna.
Adson diz que, agora, há “prioridade política” em relação à questão, o que “não diminui a responsabilidade que temos”. “Quando melhora a investigação do óbito, quando se tira debaixo do tapete um dado escondido, é natural que não caia o índice de mortalidade materna.” Desde 2004, uma lei obriga os médicos a fazerem notificações compulsórias sobre a mortalidade materna.
O coordenador do Ministério da Saúde diz que é possível cumprir a meta estabelecida com a ONU, de 35 mortes a cada 100 mil nascidos vivos até 2015. “É prematuro dizer que não há chances para isso.” (VS)
Saudade de quem eu não vi
Sentir falta da mulher que o trouxe ao mundo, sem nunca ter trocado uma palavra com ela. Eis a angústia dos filhos de gestantes mortas durante o parto ou alguns dias após o procedimento
Vinicius Sassine – Correio Braziliense
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Marina teve pré-eclâmpsia e morreu seis horas depois do parto
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“Tomei todas as decisões na minha vida sem ter a quem perguntar: o que você acha?” Cuidar da casa até os 16 anos de idade, trabalhar fora desde então e tomar conta da irmã mais nova não incomodaram tanto Greice Josiane de Melo, 26 anos, quanto não ter a mãe por perto para eliminar suas incertezas: “O que você acha?”
Dezesseis anos atrás, quando a taxa de mortalidade materna no Brasil era de 123 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos (quase o dobro da taxa atual), Greice perdeu a mãe e o irmão recém-nascido em uma maternidade de Porto Alegre (RS). Maria Otília de Melo, 44 anos, deixou 10 órfãs. O 11º filho — um menino — era a realização de um sonho antigo, depois de 10 meninas, entre elas Greice Josiane. Maria Otília morreu após 13 dias em coma.
Oito filhas nasceram de um primeiro casamento de Maria Otília. Ela se separou, casou-se com José Carlos Varme, 48 anos. Juntos, eles tiveram Greice Josiane e uma 10ª filha, quatro anos mais jovem que Greice. Depois de suspender a pílula anticoncepcional por problemas de saúde, Maria Otília engravidou novamente. Um menino, finalmente. A gravidez era de risco, Maria Otília tinha diabetes e não descuidou da saúde. “Ela se tratou com um obstetra fixo”, conta Greice.
O nascimento aconteceu depois de dois meses de internação. No dia do parto, o obstetra não estava no hospital e o procedimento foi demorado. “Lamento dizer, mas sua esposa está morrendo”, foi o que José Carlos ouviu do médico que atendeu sua mulher. “O que aconteceu com sua esposa e seu guri não deveria ter acontecido. Foi uma falha do parto”, teria dito outro médico. José Carlos deixou o hospital sem a mulher e sem o filho.
José Carlos não quis reivindicar reparação na Justiça pelo que ocorreu com a mulher e o filho. Repetiu às filhas pequenas que o dinheiro de uma indenização serviria para comprar um sofá, por exemplo, e que, toda as vezes que se sentasse nele, lembraria da circunstâncias das duas mortes.
Greice trabalha numa rede de farmácias em Porto Alegre, ajuda o pai em casa, toca a vida sem a mãe. Como ela, centenas de meninos e meninas — ou até milhares, levando em conta números não oficiais — ficam órfãos todos os anos no Brasil por causa do alto índice de mortalidade materna.
Sem ajuda
Não há qualquer ajuda do governo a esses órfãos, segundo a decoradora Carmem Regina Medeiros Carneiro, 52 anos. Ela chegou a fundar, em Porto Alegre, uma associação de familiares e amigos de vítimas de morte materna, mas a iniciativa não vingou por causa das dificuldades de entrar em contato com as famílias e da inexistência de dados concretos e individuais sobre os casos de mortalidade materna. A filha de Carmem, Marina Carneiro, teve pré-eclâmpsia e morreu aos 23 anos, seis horas depois do nascimento de Manuela.
“Minha maior preocupação é com os órfãos da mortalidade materna. Nunca houve respostas do governo”, diz Carmem. “A maioria das mulheres mortas é pobre e tem mais de um filho. As famílias acabam doando essas crianças.” Segundo a decoradora, o Ministério da Saúde chegou a prometer a ela levantamentos anuais sobre os órfãos da mortalidade materna, o que nunca chegou a ser feito. A neta de Carmem é criada pelo pai.
Edivânia Teixeira de Oliveira, 30 anos, chegou a ver a filha, Bianca, logo após o parto. “Ela viu, pegou a menina e a beijou”, conta a mãe de Edivânia, Edinalva Teixeira de Oliveira, 64 anos. A jovem morreu poucas horas depois, vítima de infecção. Segundo a mãe, a sugestão dos médicos era que a filha fizesse o parto aos sete meses de gravidez em razão de complicações na gestação. Edivânia insistiu em ir até o nono mês. Bianca tem cinco anos hoje e mora c
om o pai em João Pessoa (PB).
Uma sequência de mortes maternas na capital paraibana, no ano em que Edivânia morreu, levou à assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC) entre as secretarias municipal e estadual de Saúde e o Ministério Público do estado. Em um mês, cinco gestantes morreram. O TAC propôs o monitoramento das mortes e a adoção de medidas para evitá-las.
Nos últimos cinco anos, 109 mulheres morreram por complicações na gestação na Paraíba, principalmente em João Pessoa e em Campina Grande. “Essas mulheres chegam de outros municípios em transporte precário e morrem nas duas cidades sem assistência adequada”, diz Lúcia Lira, do Instituto Cunhã, ligado à Rede Feminista de Saúde.
Ministério: mortes vão diminuir
O aumento das consultas pré-natal, os impactos do Programa Saúde da Família, a redução da mortalidade infantil e a consolidação das notificações da mortalidade materna vão provocar uma redução dos óbitos no país. É o que sustenta o Ministério da Saúde, em nota enviada ao Correio. Segundo dados oficiais do ministério, as consultas pré-natal aumentaram 125% entre 2003 e 2009. Foram feitos 8,6 milhões de atendimentos em 2003. No ano passado, as consultas chegaram a 19,4 milhões.
Também aumentou o acesso à mamografia e ao exame para detectar o câncer de colo de útero — o papanicolau. Sete em cada 10 mulheres fazem a mamografia. Em 2003, eram apenas cinco. No caso do papanicolau, são 8,5 em cada 10 — sete anos atrás, esse índice era de oito mulheres.
A distribuição de preservativos nas escolas e a ampliação do acesso a outros métodos contraceptivos na rede pública fizeram diminuir a gravidez na adolescência, segundo o Ministério da Saúde, de 583,8 mil casos em 2003 para 529,4 mil em 2007. O ministério também comemora a aprovação da ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses e a redução da taxa de mortalidade infantil. Os dois fatores influenciam na redução da mortalidade materna.
Para o coordenador do Núcleo de Atenção Integral à Saúde da Mulher do Governo do Distrito Federal, Luciano Pina Gois, as consultas pré-natal devem ser “mais efetivas” e a política de atenção à mulher, “mais bem definida”. “Não é possível ver a paciente migrar por três, quatro hospitais para ter atendimento”, critica.