Carla Bruni diz que a França continuará a apelar por iraniana condenada em carta aberta

Do R7

Primeira-dama da França diz que Sakineh é um símbolo para todo o planeta

carlabruni1-g-reuters-20100824John Schults/25.07.2010/Reuters

Presidente da França, Nicolas Sarkozy, (à esq.) e sua mulher, a cantora, ex-modelo e atriz Carla Bruni-Sarkozy, no Palácio do Eliseu; bela primeira-dama escreveu carta aberta à iraniana Sakineh Mohammadi Ahstiani , condenada à morte

A primeira-dama da França, Carla Bruni-Sarkozy, assina nesta terça-feira (24) uma carta aberta publicada no jornal parisiense Libération para a iraniana condenada à morte Sakineh Mohammadi Ahstiniani. No final da carta, ela afirma que seu marido, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, continuará pressionando para tentar poupar a iraniana, de 43 anos e mãe de dois filhos, da morte.

– Eu peço que a Justiça de seu país saiba fazer uma prova de clemência em seu favor, assim como para as outras vítimas que arriscam de viver o mesmo suplício. Na França, as crianças aprendem na escola que a clemência é a principal virtude dos governantes. Do fundo de sua cela, saiba que meu marido defenderá sua causa sem cansar e que a França não a abandonará.

Carla diz não entender como Sakineh pode ser condenada. O caso teve grande repercussão mundial e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a propor que a mulher fosse enviada ao país, proposta rejeitada pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
– Por razões obscuras, com uma raiva fria, seres semelhantes a você e a mim decidiram desta forma, Sakineh.

Ela cita o apedrejamento, um tipo de forma de matar cruel, que o Irã vem trocando para diminuir críticas sobre o assunto para o enforcamento, mas não conseguiu ainda esfriar a atenção de que o caso de Sakineh provocou. Mas a carta de Carla não é uma espécie de palavra contra o apedrejamento, ela deixa bem claro que contesta a pena de morte e diz ainda que o problema não é localizado e nem de apenas uma pessoa.

– Como se calar após saber da sentença pronunciada contra você? O que pode lhe acontecer ferirá profundamente todas as mulheres, todas as crianças, todos aqueles que guardam sentimentos de humanidade.

Sakineh foi inicialmente condenada a 99 chibatadas por relações ilícitas, mas sua pena foi modificada para morte por apedrejamento em um julgamento obscuro que decidiu que ela se relacionou com ao menos um homem enquanto casada. Ela também foi suspeita de colaborar para a morte do marido e inicialmente absolvida. No entanto, a acusação voltou a ser lançada contra ela e autoridades iranianas expressaram no último mês que ela também foi condenada por tal ato, e por isso seria enforcada.

Carla ainda toca na questão de gênero claramente na carta, cuja íntegra está no site do Libération (em francês).

– Espalhar seu sangue, privar seus filhos de sua mãe, mas por quê? Porque você viveu, porque você amou, porque você é uma mulher, uma iraniana? Tudo em mim se nega a aceitar. O povo iraniano faz parte de uma das nações mais antigas e mais notáveis do planeta. Eu não compreendo como herdeiros de uma grande civilização feita de tolerância e refinamento podem ser infiéis a tal herança milenar. Seus juízes devem saber, Sakineh, que seu nome se tornou um símbolo no planeta todo.



 

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