Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Cinco anos depois do primeiro Seminário Estadual para tratar sobre os direitos dos transexuais e travestis do Rio de Janeiro, as conquistas foram muitas, mas ainda há desafios a serem vencidos. Esta é a opinião da presidente da Associação dos Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro (Astra Rio), Majori Marchi, expressada durante o 3º Seminário Estadual sobre Travestibilidade e Transexualidade, realizado hoje (13), no Rio de Janeiro.
“Durante este tempo, tivemos um crescimento bem significativo, nos unimos e aprendemos a nos ajudar e reivindicar direitos sem que fosse de uma forma assistencialista. Hoje chegamos ao verdadeiro objetivo do seminário que é propor, avaliar, monitorar e reivindicar políticas públicas inclusivas”.
Segundo Majori, uma das principais reivindicações do grupo é a criminalização da transfobia. “Não se trata de homofobia, que também não é criminalizada. São tipos diferentes de discriminação”.
Outro pleito do grupo é o reconhecimento do Estado da identidade dos travestis e transexuais nos documentos oficiais.
A secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Lena Peres, participou do seminário e disse que o principal objetivo da secretaria é acabar com a invisibilidade dos travestis e transexuais. “Precisamos tirá-los do confinamento do deslocamento noturno e trazê-los para a luz do dia, nas escolas, no trabalho. Precisamos estimular a convivência, não se trata de tolerar, mas garantir a convivência desse público com todo o restante da sociedade”.
Segundo Majori, a violência gratuita e a indiferença da sociedade são os pontos que mais preocupam travestis e transexuais. “Mortes de travestis não despertam comoção social. Pelo menos um travesti é assassinado semanalmente no país. No Estado do Rio, em apenas dois meses, oito travestis foram brutalmente assassinados”.
A presidente da Astra Rio também considera um erro igualar as práticas de exclusão, criminalização e violência contra homossexuais as contra travestis. “Travestis sofrem preconceito em boates gays, por exemplo. Por isso precisamos de autonomia nas políticas, pleitos e principalmente em nossas representatividades, trabalhando em união com gays e lésbicas, mas sempre com políticas conduzidas de forma paralela e específica”.
Fundada em 2005, a Astra Rio auxilia hoje mais 2 mil filiados e tem assento no Comitê de Garantia de Direitos da População LGBT da prefeitura do Rio de Janeiro, e no Conselho Estadual de Direitos da População LGBT.
Edição: Rivadavia Severo