Falta de políticas no campo deixa trabalhadoras rurais mais vulneráveis à violência, diz Contag

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A falta de políticas públicas para o campo resulta em uma maior vulnerabilidade das trabalhadoras rurais em relação à violência contra a mulher. A avaliação é da secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro.

“Vivemos em um país que, há bem pouco tempo, começou a dar um pouco de atenção ao meio rural brasileiro. O histórico de abandono tem reflexo na vida das pessoas”, disse, ao participar do 2º Seminário no Campo e na Floresta, Políticas Públicas para as Mulheres.

De acordo com a secretária, faltam ações no âmbito do atendimento à mulher agredida e na prevenção à violência, assim como medidas voltadas ao fortalecimento da autonomia econômica das trabalhadoras rurais, para que elas possam sair de situações de violência.

“Todas essas questões podem nos ajudar a desconstruir um processo histórico de uma visão da sociedade sobre o lugar das mulheres. Precisamos de um conjunto de políticas que se articulem”, afirmou, ao destacar áreas como saúde e educação.

Carmem reclamou da pouca quantidade de pesquisas e estudos sobre a violência contra mulheres no campo. A ausência de um diagnóstico preciso no país foi confirmada pela secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves.

Para ela, o maior desafio é chegar às áreas rurais, uma vez que as longas distâncias dificultam o atendimento às vítimas e o acesso à informação para a prevenção. “A mulher da cidade, quando sofre violência, pode ter pouco dinheiro, mas tem como chegar a uma delegacia, a um centro de referência ou a um posto de saúde. A mulher do campo e da floresta não, ela vai ter que esperar o ônibus pra vir à cidade.”

De acordo com Aparecida, em geral, os serviços encontrados no meio rural são escolas e a presença de alguns agentes de saúde. Uma portaria que será assinada ao final do encontro de hoje, segundo ela, vai estabelecer diretrizes para a política de enfrentamento à violência contra a mulher – por meio de ações sobretudo nas áreas de saúde, educação e assistência social.

Edição: Juliana Andrade

———-

Assinada Portaria que Institui Diretrizes para as Mulheres do Campo e da Floresta

Serão realizadas ações nas áreas de saúde, segurança pública, acesso a justiça, educação, assistência social entre outros

A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), assinou, nesta terça-feira (10),  a Portaria nº 85 que institui as Diretrizes para as Mulheres do Campo e da Floresta, durante a realização do II Seminário “No campo e na floresta, políticas públicas para as mulheres”, organizado pelo Fórum Permanente de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta. Essas diretrizes têm por base os princípios estabelecidos no II Plano Nacional Políticas para as Mulheres e no Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. 

O documento comporta o desenvolvimento de políticas voltadas para a prevenção, enfrentamento, assistência e garantias do direito das mulheres do campo e da floresta. Serão realizadas ações conjuntas entre diversos setores envolvidos com a questão de gênero (governo e sociedade), principalmente nas áreas de saúde, segurança pública, acesso à justiça, educação, assistência social entre outros.

A ministra Nilcéa Freire disse que “é preciso desconstruir  as desigualdades entre as mulheres, promovendo ações que combatam as discriminações de gênero e a violência tanto nos centros urbanos como no meio rural”.  Para ela, a união e luta do movimento de mulheres em parceria com o governo federal tem sido capaz de transformar a realidade de muitas mulheres. “É preciso que as mulheres sejam protagonistas do processo de desenvolvimento, referenciado na sustentabilidade de forma planejada, para que tenhamos um mundo sem opressão, sem violência e com mais igualdade”, declarou.

Carmem Foro, secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), afirmou que há pouco tempo o governo começou a dar um pouco de atenção ao meio rural brasileiro. “O histórico de abandono tem reflexo na vida dessas pessoas, precisamos de um conjunto de ações no âmbito de fortalecimento da autonomia econômica das trabalhadoras rurais, para que elas possam sair de situações de violência”, finalizou. 

Acesse aqui a Portaria.

 

fonte: SPM

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *