Aumenta índice de famílias com alimentos suficientes para terminar o mês

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Subiu o percentual de famílias que avaliam ter alimentos suficientes ao final do mês, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada hoje (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento foi feito em 55.970 domicílios no país. O percentual de famílias que avaliam ter alimentos suficientes para chegar ao fim do mês é de 64,5% (2008-2009), superior aos 53% da pesquisa feita em 2002-2003.

No entanto, o levantamento destacou que permaneceram algumas diferenças regionais. No Norte e no Nordeste, 50% das famílias reclamaram de insuficiência na quantidade de alimentos consumidos. No Sul e no Sudeste, o percentual é quase a metade: 23% e 29%, respectivamente.

Por meio de um questionário subjetivo, a pesquisa, que analisa a composição da renda e dos gastos dos brasileiros, também estudou a percepção da população sobre aspectos da qualidade de vida.

Sobre a capacidade de chegar ao fim do mês com a própria renda, item que também foi avaliado na POF, as famílias estão insatisfeitas: 75% assumiram ter “algum grau de dificuldade”. Na classe mais baixa (de até R$ 830 por mês), 88% indicaram alguma dificuldade e 31,1%, muita dificuldade.

Por outro lado, dos 4% de famílias do país com rendimento maior que R$ 10.375, apenas 2,6% contaram ter “algum grau de dificuldade”, contra 72% de facilidade.

“Tanto na questão da renda quanto na questão do alimento há um avanço da percepção de melhora que pode ser explicado pelo aumento da renda média, da massa salarial, constatados em outras pesquisas do IBGE “, reforça o gerente da pesquisa, Edilson Nascimento.

Edição: Talita Cavalcante

 

35% passam fome no país

Aumento da renda ainda não foi suficiente para acabar com o problema da falta de alimentos na mesa de parte da população

  • Luciano Pires  Correio Braziliense
  • Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press – 18/8/09
    Situação aviltante dos que catam comida em lixões ainda é real

    Ter mais dinheiro no bolso e disposição para gastá-lo não significa que o brasileiro se alimenta de maneira adequada e regular. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 constatou que 35,5% das famílias consideram a quantidade de alimento consumido “normalmente insuficiente ou às vezes insuficiente”. Em outras palavras, comer ainda é um direito relativo no país que é considerado pela comunidade internacional a maior potência agrícola emergente do século 21.

    No levantamento anterior, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2002 e 2003, a alimentação foi classificada como insuficiente por 46,7% das famílias entrevistadas. Do ponto de vista estatístico, a melhoria no cenário é evidente, mas quando se observam as realidades regionais a partir da renda das pessoas é possível perceber que os abismos insistem em privar uma parte da população de comer bem. Conforme o estudo, nas regiões Norte e Nordeste metade das famílias não estão satisfeitas com a quantidade de alimentos consumidos. Na Região Centro-Oeste, a taxa está em 39%, enquanto no Sul e no Sudeste registram-se patamares ao redor de 25%.

    Em outra ponta, estados do país como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais indicaram alto grau de satisfação das famílias no que diz respeito à qualidade e à fartura da mesa. Conforme o IBGE, comida e renda estão intimamente relacionados, ou seja, onde há alto poder aquisitivo, a quantidade de comida consumida é grande. Ainda assim, itens como carnes, vísceras e pescados lideraram os gastos das famílias na média do país (21,9%), nas áreas urbanas (21,3%) e no campo (25,2%). Leites, derivados e panificados encerram a lista. Para 51,8% das famílias, no entanto, os alimentos consumidos nem sempre são os preferidos.

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