A Editora UFMG acaba de lançar em português o livro Pode o subalterno falar?, da indiana Gayatri Spivak. Considerada um dos nomes mais relevantes da crítica cultural contemporânea, Spivak transita por várias áreas do conhecimento. O texto tem tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira.
Segundo Sandra Almeida, coordenadora do Centro de Estudos sobre a Índia da UFMG e também autora do prefácio, a crítica de Spivak “desafia os discursos hegemônicos e procura influenciar a forma como lemos e apreendemos o mundo contemporâneo”. De base marxista, pós-estruturalista e desconstrucionista, seu trabalho frequentemente se alia a posturas teóricas que abordam o feminismo contemporâneo, o pós-colonialismo e, mais recentemente, as teorias do multiculturalismo e da globalização.
O artigo foi publicado originalmente em 1985, no periódico Wedge, com o subtítulo “Especulações sobre o sacrifício das viúvas”, e teve grande repercussão, principalmente após ter sido republicado, em 1998, na coletânea Marxism and the interpretation of culture, organizada por Cary Nelson e Larry Grossberg.
Para Spivak, se o discurso do subalterno é silenciado, a mulher subalterna encontra-se em uma posição ainda mais periférica pelos problemas subjacentes ao gênero. A autora relata a história de uma jovem indiana que não pode se autorrepresentar fora do contexto patriarcal e pós-colonial. Com esse exemplo, Spivak demonstra que o subalterno, neste caso a mulher, não pode falar e quando tenta fazê-lo não encontra meios para se fazer ouvir. Sandra Almeida esclarece que o livro continua sendo referência não apenas para os estudos pós-coloniais, mas também para os estudos culturais e para a crítica feminista, ao indagar as formas de repressão dos sujeitos subalternos, interrogando a própria cumplicidade dos intelectuais contemporâneos nesse processo.
Pode o subalterno falar? tem 133 páginas e preço sugerido de R$ 26.
A autora
Gayatri Chakravorty Spivak, nascida em Calcutá, é professora do Departamento de Inglês e Literatura Comparada da Universidade de Columbia, Nova York. Doutorou-se em Literatura Comparada pela Universidade de Cornell, também nos EUA, e concentra seus estudos acadêmicos principalmente nas áreas de feminismo, marxismo, desconstrução e globalização. É autora de A critique of postcolonial reason: Towards a history of the vanishing present (1999), Death of a discipline (2003) e Other asias (2005), entre outros.
(Assessoria de imprensa da Editora UFMG)