Adital – Hoje (15) é um dia especial para brasileiros e brasileiras não somente pela estreia do país na Copa do Mundo da África do Sul. Também é hoje que o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) lança uma Campanha para estimular a participação política de mulheres nas eleições deste ano.
A ideia é aproveitar o momento de patriotismo do povo brasileiro durante a Copa do Mundo para incentivar a discussão sobre a participação feminina nas eleições. De acordo com Natalia Mori, diretora colegiada do Cfemea, hoje acontece o lançamento do primeiro spot nas rádios. “Aproveitando o mote da Copa, queremos sensibilizar a população para o processo eleitoral”, afirma.
Natalia explica que o mês de junho é estratégico para a Campanha porque, além da Copa, é quando os partidos políticos realizam as convenções partidárias. “O foco agora será nos partidos políticos. Queremos marcar três gols a favor da cidadania feminina”, comenta, fazendo referência às três vitórias conquistadas pelas mulheres na Reforma Eleitoral do ano passado.
Com a Reforma Eleitoral de 2009, as mulheres passaram a ter direito ao mínimo de 30% nas candidaturas dos partidos políticos, 5% dos recursos do Fundo Partidário para formação política feminina, e 10% do tempo de propaganda partidária gratuita para promover e divulgar a participação delas na política.
Apesar de o resultado da Reforma não ter sido o esperado, Natalia Mori afirma que já foi um avanço, pois, graças à atuação das mulheres, houve a discussão da participação política feminina e conseguiram conquistar as três vitórias. “Queríamos a paridade, ou seja, a representação política de um homem para uma mulher. Não conseguimos. Mas tudo bem, conseguimos os 30%, o que ainda não há. Mas estamos minimamente avançando”, destaca.
Para ela, o desafio deste ano é fazer com que os partidos respeitem as três conquistas da Reforma Eleitoral de 2009, tema abordado nos spots divulgados a partir de hoje. “Vamos aproveitar a Copa e o contexto das eleições para mostrar que queremos a vitória no campo de futebol e nas urnas”, ressalta.
Não foi a toa que a Reforma do ano passado estabeleceu percentual mínimo de candidaturas das mulheres nas eleições. A participação delas na política brasileira ainda é baixa. Segundo dados do Boletim Informativo de dezembro de 2009 da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), elaborado juntamente com o Cfemea, em 2006, foram eleitas somente 45 deputadas federais (8,7% do total) e 123 deputadas federais (11,6%).
Nas eleições de 2008, a situação não foi muito diferente. Apenas 12,5% dos cargos de vereadores foram preenchidos por mulheres (6.508 mulheres eleitas) e 9,07% (504) das prefeituras tinham mulheres a frente. De acordo com o informativo, essas cifras deixam o Brasil em 107º colocado no ranking mundial de participação feminina na política e em penúltimo lugar entre os países sul-americanos.